25/09/2024 - 11:15
Marcelo Krause tinha 27 anos quando viu o seu primeiro negócio ruir. A empresa, de café e agropecuária, cresceu tão rápido quanto caiu. Depois de fazer R$ 1 milhão no primeiro ano, a loja deixou o dono endividado em R$ 15 milhões. Sem um centavo no bolso, Krause arregaçou as mangas e recomeçou do zero em 2008, apoiado pelo irmão.
Dezesseis anos depois, Krause reencontrou o caminho do sucesso. O empresário é dono de uma transportadora, a MKM Log, e de mais dois empreendimentos. Abriu também um banco digital por agora, nas últimas semanas. Ele ainda ajuda empreendedores com palestras e consultorias da Força Motriz e escreve um livro sobre a sua trajetória. Pela mente e pelo corpo, Krause ensina os outros a evitarem o fundo do poço onde caiu em sua juventude.
Segundo o empresário, o primeiro passo que deu na época foi reconhecer os erros com a primeira obra. “Aquele negócio cresceu muito e eu não tinha a capacidade de administrá-lo”, lembra Krause. “A sua estrutura era tamanha que não tinha como comandá-la”, ele continua.
Krause diz que o processo o ensinou a enxergar os males do empreendedorismo por outro prisma —homem religioso, ele cita a fé como corretivo importante. “Uma coisa que acontece quando você quebra é perceber que o dinheiro não é o maior problema, mas sim o gosto pelo poder”, diz ele. “No auge daquele negócio, fiquei muito rico em pouco tempo e acabei com muito poder. Isso dominou a minha mente e não queria perdê-lo. Fiquei muito tempo atrás de alternativas inúteis para reconquistá-lo”, afirma.
Com a cabeça de volta ao lugar, o empreendedor voltou ao início de sua vida, no interior do Espírito Santo. Ele aceitou o convite do irmão para trabalhar em uma distribuidora de hortifruti e botou o pé na estrada, levando os produtos para as cidades que atendia. A parceria deu tão certo que Krause eventualmente assumiu o negócio —ele diz que subiu as vendas de R$ 1.000 para até R$ 5.000 em cada localidade.
Mas o empresário seguia insatisfeito, na verdade um tanto cansado pelas tantas viagens de carro que o afastavam da família. Em 2013, ele decidiu vender o negócio todo, inspirado por um chamado interior. “Eu chegava em casa no domingo às quatro da tarde e às oito já ia embora de novo para dar conta do trabalho”, diz Krause. “Durante as viagens, senti que havia alguém do meu lado falando: ‘Tem que vender tudo, deixa eu dirigir a sua vida’. Aí eu fiz isso”, ele continua.
Marcelo Krause acabou trabalhando para uma cooperativa de transporte dois meses depois, sem experiência na área e com salário de R$ 1.000. Mas com o apoio da esposa e a aposta nas comissões que recebia, ele se destacou no negócio e aos poucos construiu a vida que queria. “Desde o primeiro dia eu faturei para a empresa. No primeiro mês consegui R$ 70 mil, e no fim de 2013 já tinha feito R$ 2,7 milhões”, ele lembra da época.
Os bons resultados levaram Krause ao convite de um colega para abrir uma transportadora própria. A aventura deu certo, e em 2018 o empresário desfez a sociedade para fundar a MKM Log, dedicada ao ramo. A empresa hoje tem cinco mil clientes e mais de oito mil motoristas, oferecendo serviços que cobrem o país de norte a sul.
Apesar da grande escala, o executivo diz que aplica as lições da sua época no comércio para o empreendimento de agora, o que envolve justamente o cuidado para não abraçar o mundo. “O primeiro erro daqueles anos foi que eu desfocava muito. Eu tinha um negócio que dava certo e comecei a querer um monte de outras coisas que não agregavam”, diz Krause.
“Outro problema grave é que eu trabalhava muito mais com o lado operacional que na parte administrativa”, ele continua. “Na minha visão, eu precisava ralar pesado porque senão as coisas não davam certo. Mas eu deixei o administrativo abandonado. Hoje eu faço o contrário, eu fico no administrativo para ver os resultados do meu negócio”, declara.
Corpo e alma
A calma do Marcelo Krause de hoje explica como ele conseguiu montar outros negócios em torno da MKM Log, mesmo todos sendo muito diferentes. Além da transportadora, o empresário é dono da academia Pró Phisical e da Town Financeira, que inaugurou um banco digital no último mês de setembro.
O interessante é que os três negócios surgiram do cuidado de Krause com as pessoas que habitam o seu trabalho. Um exemplo é a financeira, que nasceu em 2020 e da relação da MKM Log com seus motoristas, quase todos terceirizados e donos de investimentos menores.
“Boa parte dos nossos clientes fazem parceria com bancos grandes, mas os motoristas consomem produtos de financiamento pequenos. Eles no geral querem apenas um pneu novo ou trocar um motor quebrado”, relata o empresário. “A gente já fazia alguns empréstimos para ajudá-los em acidentes, descontando depois do frete do trabalho. Pensei aí que havia um negócio, e decidi explorá-lo. Nós controlamos o pagamento e damos a garantia de recebimento”, ele continua.
O sucesso da Town Financeira incentivou a criação do banco digital, que amplia o atendimento e preenche as lacunas do negócio. “A gente começou com a financeira e chegamos a um ponto onde ainda havia bastante a fazer, mas só poderíamos oferecer mais serviços como um banco”, declara Krauser.
A Pró Phisical, por sua vez, veio de uma oportunidade. Fã de exercícios físicos, o empresário adquiriu o negócio em novembro de 2023, depois que os fundadores o procuraram. Ele percebeu que podia aumentar os lucros da academia, que por enquanto só tem uma unidade em Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo. Para isso, Krause começou a oferecer os serviços dela para os clientes na financeira e na transportadora.
“Eu pensei que, já que temos alguns clientes, por que não oferecer a eles uma parceria que melhora a condição de vida do seu funcionário?”, lembra o executivo. Ele cita ainda o investimento inicial na academia, que comprou máquinas novas e renovou o espaço para favorecer a entrada de novos membros. Segundo o empresário, a aposta deu certo, com a Pró Phisical crescendo 25% neste primeiro ano de gestão e com planos de uma nova unidade para 2026.
“A gente oferece qualidade de vida para o colaborador, e isso afeta o cliente dos outros negócios”, afirma Krause. “A gente monta uma parceria em que a empresa paga a mensalidade do funcionário, que vem para cuidar da saúde. Ouvi relatos interessantes dos clientes, que dizem que a relação com o colaborador melhorou substancialmente e o rendimento cresceu no processo”, continua.
O começo promissor da academia lembra o esforço de Marcelo Krause com a Força Motriz, plataforma que usa para ajudar outros empresários. Ele começou no meio como consultor pontual, oferecendo serviços a quem —como ele— passava por um processo de falência. Desde o começo, Krause buscava a honestidade com os clientes: de início, se eles seguissem o seu plano, o executivo não cobrava pelo trabalho.
“Eu sempre acreditei que se você deixar escondido todo o conhecimento que você adquire, ele serve para nada. O conhecimento precisa ser compartilhado com o máximo possível de pessoas”, ele afirma. Depois de tantos convites, ele resolveu estruturar um negócio em torno de palestras presenciais e virtuais sobre a responsabilidade de montar uma empresa.
Segundo Krause: “Mesmo que um dia eu me vá, o negócio estará lá, né? Eu dou lições práticas, mostro os erros que você não precisa cometer. Pego na mão de quem quer começar e de quem está cheio de problema, ensinando a como resolver as próprias questões. Eu vivi esse caminho, eu sei o que você está sofrendo, vivi de um extremo a outro”.
Por isso mesmo, o executivo prepara um livro sobre a sua trajetória de vida, que quer lançar ainda em 2024. “Ele conta a história toda em detalhes, inclusive os momentos difíceis que passei. Assim, a pessoa pode ver que há muita dor e sofrimento, mas também muita alegria no aprendizado”, finaliza o empresário.
Em entrevista para o IstoÉ Sua História, Marcelo Krause conta mais de sua trajetória profissional e discute os desafios da vida empresarial. Confira:
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