A vida profissional e pessoal de Leandro Moraes foi desafiadora desde o início e o empreendedor descobriu muito cedo o valor da determinação aliada à sede de conhecimento. Aos 13 anos, Leandro se esforçou para ajudar a mãe nas despesas da casa, conciliando a formação em escola pública com o trabalho de ajudante na feira. Ainda adolescente, passou a trabalhar na construção civil como ajudante de obras. Após muito tempo se dedicando para se tornar coordenador em uma firma, Leandro pediu demissão do emprego com boa remuneração para apostar no sonho de empreender. Assim, com apenas R$ 30 mil na conta, um carro e duas filhas para sustentar, o empresário de 39 anos inaugurou a Geopaving Engenharia, referência em ensaios geotécnicos para projetos de pavimentação. 

Natural da cidade de São Paulo, Leandro passou por uma situação financeira difícil na adolescência. Aos 13 anos, começou a trabalhar como ajudante em feira livre para complementar a renda da mãe, empregada doméstica, que vivia no bairro de Pirituba, na capital paulista, com os três filhos.  O profissional passou a vender colchões na rua, de bairro em bairro, até iniciar o trabalho no setor de obras da construção civil, como o pai, que exercia a função de encarregado na mesma área viajando pelo Brasil.

Leandro enfrentou inúmeros desafios no segmento quando tinha, aproximadamente, 16 anos. “Sou filho de pais separados. E, nessa minha jornada, a gente passou um pouquinho de necessidade”, diz. “Comecei a trabalhar com obras, mais precisamente como ajudante de laboratório, que é o segmento em que a Geopaving atua hoje. Era muito mirradinho e magrelo, mal conseguia aguentar um saco de amostras de 50 quilos, carregar tijolos, blocos e concreto”, lembra.

Apesar de ser um bom aluno, o trabalho prejudicou a rotina na escola pública estadual Ermano Marchetti. “Sempre gostei de estudar, mas, no terceiro colegial, por trabalhar muito longe, acabei tendo dificuldade, mas não por notas. Ia para a escola e dormia na aula. Eu não aguentava por causa do cansaço e porque acordava muito cedo”, explica. Após concluir o ensino médio, Leandro passou um longo período sem estudar por não ter condições de fazer uma graduação superior. “Depois, casei-me e tive duas filhas e, cada vez mais, havia aquela necessidade de ter que trabalhar para poder sustentar. E aquele sonho de faculdade ficou muito distante”, conta. 

A vida profissional foi se consolidando aos poucos e, aos 27 anos, Leandro começou a cursar a Fatec São Paulo para se especializar em pavimentação, curso que era gratuito. “Precisei estudar para passar no vestibular. Imagine você ficar dez anos sem estudar e sua única possibilidade ser em uma universidade pública. E foi o que aconteceu. Estudei bastante e me formei. Sou grato a isso até hoje”, diz.

Ao mesmo tempo, no trabalho, a rotina de obras era bem desgastante para conciliar com a família. “Ficava na linha de frente atuando diretamente nas obras de pavimentação, terraplenagem e concreto. Acordava cedo, ia para diversas obras e, depois, ia para a faculdade. Então, chegava em casa e tinha duas filhas. Era uma rotina um pouquinho cansativa”, recorda.. “Mas, era o meu momento, aquilo que tinha que fazer como profissional e como pai. O trabalho era aquilo que levava meu sustento e, a faculdade, algo que poderia mudar a minha vida – o que de fato aconteceu¨, contenta-se.

A atuação de Leandro é chamada de laboratorista, que é a atividade de quem trabalha executando uma espécie de fiscalização de obras. “É a pessoa que executa os ensaios de asfalto, solo e concreto”, exemplifica. No entanto, como funcionário, ele não se contentava apenas com suas atribuições e se dedicava às demais. “Já tinha passado por essa primeira fase, ficava um pouquinho a mais na empresa e atendia algumas obras esporádicas. Quando comecei a ter um pouco mais de estudo, as pessoas começaram a olhar mais para mim. Então, deixei o operacional e subi para o escritório. Para mim, foi o máximo aquela mudança porque aumentou o salário. Porque você fala: ‘ah, vou ganhar um pouquinho mais’. Só que, de repente, você tem responsabilidades que não está acostumado a ter”, pondera.

Leandro percebeu, naquele momento, que havia também uma oportunidade para expandir ainda mais suas noções em gestão financeira e de pessoas. “Não fiquei só no que tinha que fazer e fui me especializar na parte de gestão. Sempre fui além e sempre fui muito curioso. Todo mundo queria cumprir horário, mas eu tinha sede de conhecimento”, diz o profissional, que já pensava em ter um negócio próprio. “Não imaginava que seria um negócio na minha área, apenas imaginei que essa parte de gestão poderia me trazer bons frutos”, reforça.

Demissão e transformação em empresário

Apesar do período produtivo, Leandro passou a ter dificuldades para administrar a rotina, que o levaram à uma decisão drástica: o pedido de demissão. “Foi mais pela questão de tempo. Senti-me sobrecarregado. Abracei muito a parte de gestão, acabei ajudando a empresa naquele crescimento e, consequentemente, isso trouxe algumas cargas para mim. Não tinha férias tranquilas e nem um final de semana. Não tinha tempo de qualidade¨, lista. 

O empresário refletiu sobre a situação e entendeu que deveria passar por uma nova mudança. “Pensei que tinha algo errado, não tinha mais prazer em trabalhar e, se eu continuasse, poderia ter algum problema. Foi quando resolvi mudar toda a minha vida e toda minha estratégia”, comenta. A inquietação na empresa e a dúvida sobre pedir as contas surgiram ao mesmo tempo em que Leandro recebeu um convite extra para auxiliar como consultor em um novo projeto. “Chamaram-me para ajudar em uma consultoria. E o primeiro trabalho que executei para mim mesmo foi sendo um consultor. Um ex-cliente me disse: ‘Preciso de um trabalho que não sei fazer, me ajuda’”, explica.

Inicialmente, Leandro não cobrou pelo serviço. “Nesse primeiro momento, fiz gratuitamente porque não sabia como cobrar. Mas o serviço foi muito bem feito por ele com a minha orientação. O resultado foi muito positivo”, celebra. “Ele me pediu novamente um trabalho e eu falei: ¨Agora, vamos me remunerar”, complementa. Na sequência, Leandro tomou a decisão final sobre sua permanência no emprego. “Não conseguia fazer um serviço avulso e trabalhar na mesma empresa. Para mim, eticamente, não ia casar, ia acumular funções. Pedi demissão e me perguntaram a razão. Disse que queria montar um negócio para mim. Me responderam que não é fácil montar um negócio, mas eu estava decidido”, afirma. 

Determinado a dar uma guinada em sua jornada, Leandro aceitou uma última obra como funcionário, que lhe deu tempo para planejar o novo passo como empreendedor. “Eles tinham um projeto e falei que cumpriria. Fui me programando mentalmente, não necessariamente financeiramente porque, quando pedi as contas, tinha R$30 mil na conta, com duas filhas para criar e sem saber qual perspectiva que teria dali para frente”, relata. O empresário também teve que suportar a falta de apoio de amigos e familiares. “Muita gente falou: ‘você está doido de sair de um emprego estável. E se não der certo?’. Eles estavam com medo e fiquei até bravo na época, mas estava muito convicto”, recorda.

Em 2019, Leandro deu início à Geopaving Engenheria arregaçando as mangas, literalmente. “Tinha uma única obra para atuar como laboratorista. Ou seja, depois de todo aquele glamour que eu tinha na parte do escritório, voltei para a parte operacional”, explica. O empreendedor, no início, desempenhava a operação comercial, tratava das questões financeiras e até fazia a faxina. “Eu era ‘Eupresa’”, diz, bem-humorado, sobre a fase em que alugou “uma casa minúscula” para acomodar alguns equipamentos que adquiriu.

A partir desse passo, aos poucos, foram aparecendo os novos trabalhos. “É complicado começar a fazer o serviço e receber. Você vê o caixa, que não era muito grande, meio que acabando. Aí, você recebe e tem um respiro. Nesse momento, você percebe que começou de fato. E isso que é empreender”, indica. 

Atualmente, a Geopaving se apresenta como referência em ensaios geotécnicos para projetos de pavimentação, atuando nas principais rodovias do Brasil, como a Rodovia Régis Bittencourt, e prestando serviços para as empresas projetistas e concessionárias. “Temos uma das melhores estruturas de geotecnia com equipamento de última geração para o atendimento das obras”, garante. “Além disso, desenvolvemos trabalhos de controle de qualidade nas áreas de concretagem, fundação, terraplenagem e pavimentação”, acrescenta Leandro sobre a especialização em laudos de boas práticas em obras para solicitação de financiamento bancário.

Segundo o fundador da Geopaving, a contratação da empresa colabora para a amenização de transtornos, inclusive, para a sociedade. “Problemas surgem por falta de controle tecnológico. Recentemente, atuamos em uma importante rua de São Paulo com tráfego intenso de ônibus. Surgiram problemas de afundamento após a construtora não contratar nosso tipo de serviço e houve a necessidade de refazer a obra de pavimentação. Foi um prejuízo de meio milhão de reais”, contabiliza, citando a importância do estudo de prevenção de patologias nesse setor.

Para o empresário, a persistência, apesar das adversidades profissionais e pessoais que enfrentou, pode servir de inspiração. Por isso, passou a compartilhar sua experiência dando palestras em faculdades. “Minha mensagem é: obtenha um conhecimento e seja determinado no seu propósito para que você viva o seu sonho e não o sonho dos outros”, aconselha.

Em conversa com o IstoÉ Sua História, Leandro conta mais sobre a trajetória de vida, explica a área de atuação da empresa e como aposta no desenvolvimento do Brasil. Confira:

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