Para o empresário Bruno Di Lorenzo, de 40 anos, todos os caminhos de sua vida o prepararam para onde está neste momento. Fundador da beautytech Moringa Escovaria, Di Lorenzo começou sua trajetória profissional no ramo do marketing, mas sua paixão sempre residiu no segmento da tecnologia de beleza. Cabeleireiro por 21 anos, o empresário usou toda sua expertise na área para criar linhas de produtos de tratamento que se tornaram um sucesso nas três cidades de atuação da marca: São José dos Campos (SP), Jacareí (SP) e Rio de Janeiro (RJ).

Desde a infância, a vida de Di Lorenzo foi marcada por uma curiosidade e interesse em como os cosméticos funcionam. “Eu sempre fui uma criança mais introspectiva, muito observadora”, conta. ‘Meu sonho era ter aquela Barbie grandona, que você podia fazer maquiagem. Mas não pela Barbie em si, mas pelo seu cabelo ser mais próximo do real”, diz. “Outra coisa que eu fazia na pré-adolescência era pegar todos os cremes, máscaras, que tinham no banheiro e fazia minhas misturas, criava minha alquimia, colocava vitamina. Eu já tinha o espírito de querer desenvolver as coisas”, conta.

Formado em desenho industrial e direção de arte, a carreira profissional de Di Lorenzo teve início no marketing. “Desenvolvi trabalhos muito interessantes precocemente, pois comecei a trabalhar com 15 anos nessa área. Aos 18 já trabalhava em São Paulo.” Ele morou posteriormente no Rio de Janeiro, onde comandou o departamento de marketing de uma operadora de turismo. “Trabalhar com cabelos acabou vindo na fase adulta”, diz Di Lorenzo.

Ao retornar para São José dos Campos para gerenciar a empresa de uma colega, o peso de não estar agindo em sua verdadeira vocação recaiu em seus ombros. “Era uma parte mais burocrática do trabalho. Aquilo foi me matando. E havia um salão, perto dessa empresa, onde eu fazia meu cabelo. Eu sempre conversava com a cabeleireira: ‘nossa você precisa usar tal produto, tem tal componente’, eu levava pesquisas etc. Um dia ela falou para mim: ‘Bruno, não me entenda mal, mas cada vez que você vem aqui quer algo novo. Por que você não vai estudar isso?’”, relembra. A sugestão foi o impulso que Di Lorenzo precisava para ir atrás do seu antigo sonho.

Ao adentrar esse novo mercado, sua sede por tudo que havia de mais moderno do segmento continuou. Di Lorenzo fazia cursos de novos tipos de tratamentos e tecnologias disponíveis no mercado. E logo surgiu a vontade de ir tentar uma carreira internacional. Contudo, sua ida para a Suiça logo se mostrou bem desafiadora. “Era um ambiente hostil e foi muito impactante essa experiência. Nem vou falar porque senão vou começar a chorar. Fiquei um ano lá […] Eu não respeitei o meu processo de maturação, eu fui muito novo, fui com a cara e com a coragem e com um francês muito básico”, diz. 

Apesar da experiência difícil, na qual enfrentou episódios de xenofobia e falta de suporte da sociedade, Di Lorenzo continuou seu trabalho. Com o francês um pouco mais desenvolvido foi fazer um processo seletivo em uma cidade próxima e recebeu um feedback que o fez repensar seu destino. “Fiz a entrevista, cortei o cabelo [como teste], e ficamos conversando a tarde inteira. Ela [a entrevistadora] virou para mim e disse: ‘Bruno, você foi tecnicamente perfeito, você é muito simpático, muito comunicativo e tem muitas qualidades, mas, se eu fosse você, com a sua idade, voltaria para o seu país e seria O [cara], e não apenas mais um. Naquele momento isso poderia ter sido uma coisa ruim, mas soou como uma música para mim, foi de encontro ao que minha alma estava sentindo, mas eu que não falava”, relatou.

Ele então investiu suas economias em tratamentos, comprou tudo que pôde e voltou para São José dos Campos, no Brasil. “Sem saber o que ia fazer, para onde ia. Totalmente feliz por estar ali, mas totalmente perdido em termos de foco”, explana. Foi então que recebeu uma oferta irrecusável de uma amiga, que tinha um salão muito simples, na ocasião, e o deixou utilizar o espaço. Com o tempo, ele foi investindo em equipamentos melhores e sua clientela foi aumentando.

A semente do que seria a beautytech havia surgido. “Ela nasce primeiramente com o pensamento de buscar agregar, nesse mercado da beleza, tecnologia e produtos naturais” revela. “Em 2017, criei um protocolo de tratamento e investi em um maquinário caríssimo japonês, que potencializava em 10x os resultados”, aponta. O tratamento, que chamava Trate Bem, foi um sucesso. 

O nome da empresa Moringa Escovaria surgiu posteriormente, quando uma química comentou sobre o vegetal com Di Lorenzo. “Ela me disse, ‘anota aí, moringa’. Até então não sabia nem o que era moringa. […] Cheguei em casa, coloquei no Google e apareceu para mim um documentário da Discovery sobre a árvore da moringa”, revela. “Ela se desenvolve em qualquer ambiente, não tem prata que a atinja. É resiliente. Quando vi essa história, foi uma coisa forte demais.”

A moringa acabou sendo a base para o desenvolvimento de seus produtos. “É o vegetal com mais nutrientes na face da terra. Então, só pra você ter uma ideia, tudo nela é aproveitado, a folha, a semente, o caule, você consegue extrair, fazer chás, a raiz cria tubérculos que têm muito potássio, é quase uma coisa sobrenatural”, conta.  

Atualmente, a Moringa Escovaria conta com sistemas de franquias e possui cinco unidades, além de um portfólio com 38 produtos. “A do Rio de Janeiro abriu há um mês, a gente vai abrir uma outra em Taubaté. A minha ideia agora, como negócio, é estruturar esse processo. Eu quero que a gente tenha uma maturidade mesmo, acho que primeiro você planta, germina, é uma árvore, a gente está falando de uma árvore, a gente está falando da moringa, que é a árvore da vida […] A gente precisa entender o tempo dela”, acrescenta.

“Então temos duas unidades em São José, uma em Jacareí, uma no Rio de Janeiro e vamos abrir agora em Taubaté, que é próximo de São José dos Campos. Ano que vem a gente deve entrar em São Paulo. Mas aí é uma consequência da maturidade de cada momento, onde eu sentir que os frutos estão começando, que sementes novas estão sendo geradas e são capazes de gerar novas árvores, a gente vai fazer. Mas de uma maneira muito respeitosa, consciente”, explica.

Para Di Lorenzo, o relacionamento com os clientes é o principal pilar da Moriga. “Nós temos verdadeiras fãs, verdadeiras mulheres transformadas. E não é transformada somente no sentido estético, porque o processo que a gente criou é de autocuidado. […] Costumo dizer que o nosso núcleo é despertar esse autoamor, o cabelo é uma ferramenta”, explica. Em entrevista ao Istoé Sua História, Di Lorenzo dá detalhes de sua trajetória cheia de propósito. Confira o papo na íntegra:

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