14/11/2024 - 11:46
Criado em 2007, o primeiro projeto do que viria a se tornar, em 2011, o Instituto de Educação Superior Latino-Americano (Iesla), de Belo Horizonte, oferece cerca de 60 cursos, da graduação ao pós-doutoramento, tanto de forma presencial quanto online, e mantém intercâmbio e acordo de cooperação internacional acadêmica e científica com diversas instituições de ensino da América Latina, Europa, EUA, China e Israel. Sua cofundadora e atual reitora é Sara Gouveia Bernardes, que uniu a paixão pelo ensino e pela busca do conhecimento à vontade de estabelecer um empreendimento na área educacional que oferecesse uma formação de qualidade na qual os alunos pudessem não apenas se capacitar para o mercado de trabalho, mas também desenvolver o pensamento crítico.
Sara afirma que a decisão de investir na educação superior foi, na verdade, uma consequência natural das influências familiares que moldaram sua infância. Por parte do pai, filho de imigrantes europeus, ela recebeu um exemplo extremamente significativo e se beneficiou de um olhar voltado ao empreendedorismo – que viria a ser crucial quando decidiu constituir o Iesla. Já de sua mãe vem a paixão pelo aprendizado. “Cresci em uma família que valorizava a educação e incentivava a busca pelo conhecimento. Minha mãe, uma professora dedicada, deixou o exercício do magistério para se dedicar integralmente à família. Me lembro de, desde os meus nove anos, ela me ensinava a produzir planos de ensino. Essa influência marcou a minha infância e também desenvolveu uma maneira diferenciada de visão de mundo”, diz.
Em pouco tempo, Sara começou a dar aulas de matemática a seus colegas no ensino médio, substituindo eventualmente algum dos professores. “Percebi que minha paixão não era apenas aprender, mas também facilitar o aprendizado dos outros. Foi ali que encontrei minha vocação na educação, onde poderia impactar não apenas indivíduos, mas também a sociedade como um todo”, completa. Aos 15 anos, ela foi escolhida como representante de sua escola em um evento promovido pela Secretaria da Educação de Goiás.
Ao terminar o ensino médio, Sara e sua família se mudaram para o estado vizinho de Mato Grosso – e foi na capital Cuiabá que a profissional iniciou sua formação em Direito – o que poderia soar um desvio de rota, uma vez que parecia natural que ela seguisse a carreira de Licenciatura. “Essa mudança representou um desafio, porque eu já tinha um plano de dar continuidade aos estudos na faculdade e estava naquele momento de descobrir a minha vocação. Optar pelo Direito maximizou a minha visão de mundo. Eu me deparei com um novo conhecimento, que expandiu a minha percepção de mundo”, conta. Logo em seguida Sara já se matriculava em especializações na área do Direito de Família e Sucessões e MBA em Negócios pela FGV.
Nesse período Sara se casou, teve seu primeiro filho e se mudou com a família para Belo Horizonte, em 2005. Ela e o marido estavam envolvidos em um projeto da área do agronegócio, e ela participava ativamente na gestão do empreendimento. Ao mesmo tempo, estava inclinada a seguir carreira na magistratura, e começou a estudar o mercado de mestrados e doutorados. Foi então que ela percebeu que havia uma lacuna: os programas de mestrado, especialmente na área jurídica, eram muito concentrados em São Paulo e Rio de Janeiro. “Foi ao perceber essa demanda reprimida que entendi que havia uma oportunidade – e esbocei um plano de negócios.”
Perfil internacional
Ao pesquisar opções de mestrados e doutorados, Sara entrou em contato com diversos pesquisadores, inclusive do exterior. E passou a consolidar a visão de uma instituição que fosse voltada ao aperfeiçoamento intelectual e acadêmico e que ultrapassasse as fronteiras do Brasil, assumindo um caráter eminentemente internacional. Foi assim que decidiu criar o Iesla como uma instituição que mantivesse iniciativas com academias do exterior. “Hoje dispomos de convênios com universidades da Argentina, Chile, Peru e também de países europeus e asiáticos. Trata-se de uma busca por conhecimento que seja inovador – e é algo que acrescenta um potencial muito grande aos currículos dos profissionais de todas as áreas do conhecimento”, explica.
Ela lembra que, quando surgiu, o Iesla era mais voltado à área de Direito – mas logo no segundo ano de existência passou a abarcar outras áreas, e eventualmente foi credenciado junto ao Ministério da Educação para integrar o Sistema Federal de Ensino Brasileiro. Com isso, passou a ser possível avançar na oferta de programas de graduação e especialização a partir de 2015. “Após todos esses anos de expansão do projeto, a instituição entrega todos os níveis educacionais – sempre com foco na busca incansável por uma educação de excelência. Essa é nossa premissa, nosso fundamento, nosso pilar mais importante. O segundo diferencial do Iesla é o conhecimento científico baseado na busca por evidências”, afirma, acrescentando que o instituto também atua como um think tank para o desenvolvimento científico. “Além disso, temos também o diferencial da internacionalização.”
Atualmente o Iesla é reconhecido com nota 5 pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) do Ministério da Educação. “Isso nos dá muito orgulho, pois o aluno é, para nós, o centro das atenções. Assim, buscamos que eles desenvolvam o pensamento crítico; que, de fato, consigam descobrir soluções a partir das suas próprias capacidades de desenvolvimento intelectual”, afirma.
Instituição conectada
Ao longo de sua trajetória à frente do Iesla, Sara enfrentou diversos desafios relacionados à construção de seu modelo de negócios do zero – até chegar ao formato atual. E, assim como as demais instituições de ensino em todo o mundo, também o Iesla enfrentou a disrupção causada pela pandemia da Covid-19. “Nesse período nos adaptamos a um modelo virtual síncrono, que tem funcionado muito bem. Ele permite uma flexibilidade maior – o que é importante para alunos que são profissionais liberais no ápice ou em um bom momento de suas carreiras, sejam elas acadêmicas ou corporativas”, assinala. Porém, na época essa adaptação teve de ser feita com agilidade, uma vez que o modelo presencial não poderia ser aplicado por conta das precauções sanitárias.
“Fomos a primeira instituição de ensino em Minas Gerais a fazer essa ‘virada de chave’ durante a pandemia. Isso foi possível porque já contávamos com um parque tecnológico pronto para entregar a educação a nossos alunos por meio de salas de aula virtuais – tanto na graduação e na especialização quanto nos programas internacionais. Agora, o nosso desafio inerente é o de continuar inovando em conteúdos programáticos de mestrados, doutorados e pós-doutoramentos internacionais, que entregam conhecimento de alto nível e referência internacional aos brasileiros”, avalia. Sara acrescenta que todos os cursos internacionais passam por uma curadoria prévia para garantir que atendam integralmente aos pré-requisitos exigidos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) do Ministério da Educação.
Além dos cursos que oferece, o Iesla mantém em torno de mil instituições da rede pública conveniadas, e em paralelo oferece um programa de educação corporativa a pequenas, médias e grandes empresas. “Também temos nosso braço de responsabilidade social, que concede aos alunos em situação de vulnerabilidade socioeconômica bolsas de estudos – parciais ou integrais”, acrescenta Sara.
Mentora e experiente orientadora de teses e dissertações, Sara, que é pós-doutora em Direito e em Psicologia, vem guiando milhares de mestrandos e doutorandos. “A mentoria transformou-se em um pilar fundamental para o desenvolvimento de pesquisadores aprovados nos pós-doutorados, doutorados e mestrados do Iesla. Ao longo dos anos, observamos inúmeros casos de sucesso que emergiram dessa mentoria. Nossos mentorandos têm alcançado reconhecimento em conferências internacionais, recebido prêmios de inovação e publicado seus trabalhos em periódicos de alto impacto. Esses resultados reforçam o valor de um suporte estruturado e dedicado no universo acadêmico, sublinhando o compromisso do programa com a excelência e a inovação na pesquisa científica”.
Vocação autoral
A curiosidade natural manifestada por Sara desde cedo também despertou na adolescência uma atividade paralela que ela mantém até hoje: a de escritora. Aos 15 anos ela publicou seu primeiro livro de poesias, incentivada por um professor – e foi premiada em um concurso público regional. Essa verve autoral seria depois direcionada à escrita de obras abordando temas como direito familiar, matrimônio e relações intrafamiliares – como o livro A Responsabilidade do Estado em Regular a Crise dos Institutos Jurídicos, lançado em 2014.
“No Iesla eu lidero algumas revistas: a Revista Acadêmica, que aborda diversos temas sob o olhar e o viés de diversas ciências; a Revista Superior de Justiça, focada na área jurídica; e a publicação Saúde Mental na Era das Neurociências, que foi lançada quando implementamos nossa primeira turma de Psicologia. Eu gosto muito de dar vazão à produção literária, acadêmica e científica”, pontua.
Sara afirma que, além de conduzir as atividades do Iesla e participar de suas publicações, também busca disseminar o conhecimento por meio de conferências e palestras, abordando temas relacionados ao autoconhecimento e à descoberta das vocações das pessoas. “Porque o sonhar, o estímulo ao sonho, é inerente ao humano. Mas o próximo passo é executá-lo.” Ela acrescenta que o Iesla pode ser contatado pelo site www.iesla.edu.br ou pelo telefone 0800 052 8800.
Em entrevista ao IstoÉ Sua História, Sara Bernardes fala mais sobre sua trajetória e sobre a criação do Iesla. Confira o papo na íntegra:
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