Identificar uma peça de luxo exige um alto nível de conhecimento sobre a autenticidade do item, a produção e, claro, a marca. A empresária Jordana de Paula sabe muito bem disso. Idealizadora e curadora do Brechó Jords, ela criou a empresa em 2015 após vender sua primeira bolsa de grife.

“Comprei uma bolsa da Chanel na minha viagem a Paris. Lembro que paguei € 1.400, o que, convertendo na época, chegou a R$4.000. Um ano depois, me cansei do formato da bolsa, ela era grande e sem zíper, o que não me interessava mais. Então decidi vendê-la, ao pesquisar na internet, descobri que o modelo ‘GST’ da marca no Brasil chegava a custar em torno de R$12.000. Vendi por R$8.000”, conta.

A venda bem-sucedida despertou na empresária o interesse em anunciar outras bolsas de luxo nas redes sociais, mas, desta vez, com itens de amigas. “Como sempre fui bem relacionada, percebi que seria interessante investir nesse mercado, mas atuando apenas na intermediação das peças e com pagamentos à vista”, detalha.

Jordana selecionava os itens, definia o preço de cada produto e, em seguida, produzia conteúdos para internet. “Comecei divulgando para pessoas próximas. Lembro que, nesse início, uma amiga me pediu para vender suas bolsas da Hermès e em poucos dias todas foram compradas”, diz.

Com o sucesso, a empresária apostou definitivamente no mercado de consignados de luxo e abriu uma loja virtual no Instagram. Hoje, o Brechó Jords movimenta mais de 90 mil seguidores e atrai o interesse de clientes em diferentes partes do mundo.

“Quando escolhi abrir a empresa, há dez anos, optei por um modelo de vendas que fosse atrativo e, ao mesmo tempo, direto. Por isso, segui com o Instagram, uma rede social que eu conhecia bem e tinha uma certa popularidade”, afirma.

Curadoria especializada

Para compartilhar peças exclusivas e até itens raros com os seguidores, Jordana desenvolveu suas próprias técnicas de curadoria, estabelecendo critérios rigorosos para selecionar cada artigo de luxo que compõe o seu brechó. Assim, além de garantir qualidade, ela proporciona uma nova experiência aos clientes.

“Eu falo brincando que as peças já sabem o caminho para o Brechó Jords, porque não preciso mais procurar por elas, são as pessoas que me procuram para vender seus itens. Elas querem alguém de confiança e, nesse caso, o meu trabalho é ainda mais minucioso ao analisar a autenticidade do produto, a condição do material e estabelecer o valor da venda”, afirma.

Seguindo a lei da oferta e da procura, a empresária avalia o mercado e divulga peças de acordo com o interesse do público. Sempre atenta às tendências, ela sabe exatamente quais itens estão em alta e o que pode chamar mais a atenção dos seguidores.

Jordana explica que o perfil dos consumidores brasileiros é diferente dos internacionais. Um bom exemplo é a bolsa clássica da Chanel, disponível em dois modelos diferentes: um com o logotipo em evidência e o outro, desenhado pela própria Gabrielle Chanel, sem nenhum símbolo aparente e com uma corrente em destaque. “No exterior, a bolsa discreta é muito valorizada, mas no Brasil, as clientes sempre preferem o modelo que exibe o logotipo da Chanel”, diz.

Original x réplica

Com a capacidade de reconhecer artigos de luxo originais de réplicas, a empresária conta que passou anos estudando, de forma independente, a autenticidade das bolsas de grife, antes mesmo de abrir o próprio negócio. “A vontade de aprender surgiu apenas por curiosidade e sem nenhum interesse em trabalhar com os produtos em um brechó.”

Jordana acompanhava, pelas redes sociais, muitas blogueiras e queria identificar os acessórios que elas usavam. Para isso, passou a consumir conteúdos do segmento no Youtube. “Naquela época, poucas pessoas no Brasil tinham conhecimento sobre a veracidade de itens de luxo, então quase todos os vídeos eram de mulheres árabes, que são referências nesse universo”, relembra.

Apesar de não entender o idioma, a empresária traduzia as informações para o inglês e comparava os modelos de bolsas citados por meio de imagens na internet. “Quem não tem afinidade com os produtos de grife pode achar que um item original é semelhante a uma réplica, mas para quem conhece, essas diferenças são visíveis e às vezes até gritantes”, afirma.

Investimento de luxo

Autoridade no assunto, Jordana ganhou destaque no mercado e passou a ser reconhecida pelos clientes. Hoje, além de ser especialista em marcas mundialmente renomadas, como Chanel, Hermès e Louis Vuitton, ela presta serviços de consultoria para mulheres que querem investir em bolsas de luxo.

“Além de um acessório, a bolsa de grife pode ser um investimento a longo prazo e um investimento alternativo. Mas, antes de generalizar, é importante lembrar que são as tendências da moda que determinam como essa peça pode se valorizar com o passar dos anos”, declara.

A empresária ainda acrescenta que as características da bolsa podem influenciar no preço de revenda. “Em 2016, os modelos grandes eram os mais procurados, no entanto, com o tempo, as nossas necessidades foram mudando e, como consequência, o tamanho das peças também. Ou seja, esses modelos maiores já não são mais um investimento no mercado atual.”

Para Jordana, a opção do momento é a bolsa Mini Kelly, da marca francesa Hermès. “Há quatro anos, ela tem conquistado o interesse do público, sendo um item desejado e extremamente cobiçado. É uma bolsa que, mesmo comprada na Europa, com o valor atual do euro e a conversão do real, vale a pena, porque a revenda dela é muito alta.”

O processo de compra da bolsa também é um fator determinante. Segundo a curadora, a procura pelo artigo de luxo influência no valor final da revenda da peça. “Quem quer investir em um item de grife tem que conseguir comprar em uma loja conceituada e que tenha um bom relacionamento com o mercado. Sempre acompanhar as tendências da moda e as demandas e optar por cores que atraiam o interesse de outras pessoas”, diz.

Marca milionária

Em 2024, o Brechó Jords atingiu um faturamento milionário, reflexo do empenho e do trabalho realizado por Jordana, que há dez anos deixou de administrar as empresas da família para se dedicar inteiramente ao empreendimento de consignados de luxo.

“Às vezes, sinto como se não tivesse concorrentes, porque ninguém faz o que eu faço. É claro que existem muitos brechós, muitas lojas e pessoas presentes na área. Mas prestar consultorias junto com a venda, do jeito que eu faço, de uma maneira tão assertiva, ainda não vi ninguém fazer”, detalha.

Com o objetivo de expandir os negócios, a empresária fundou outro brechó digital, mas agora em parceria com a sua irmã mais nova, Amanda de Paula, para atender a um perfil de compradores mais jovens. “O Nova Rica segue os mesmos princípios do Brechó Jords, com uma curadoria minuciosa e personalizada, no entanto, com a entrega produtos mais acessíveis”, finaliza.

Em entrevista à IstoÉ Sua História, a empresária Jordana de Paula explicou como a compra de uma bolsa de luxo pode se tornar um investimento financeiro. Ela também destacou as novidades do mercado de acessórios de grife. Confira a conversa completa:

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