Nas últimas décadas, o Brasil tem se tornado cada vez mais internacionalizado – com empresas nacionais atuando na arena internacional como importantes players em diversos setores da economia, além do país sediar eventos internacionais nos últimos anos. Além disso, a proliferação de tecnologias de comunicação tem possibilitado o acesso a conteúdos do mundo inteiro por meio de plataformas como o YouTube, e aberto a possibilidade para a comercialização de conteúdos dos mais diversos – de cursos a palestras e seminários. Nesse contexto, a necessidade de serviços profissionais de tradução, interpretação e legendagem é essencial. E é nesse meio que atua a TradIn, empresa do Rio de Janeiro criada por Laila Compan em 2013.

Ela conta que o interesse por aprender outros idiomas veio desde a infância. “Meu primeiro contato foi por meio de um livro na escola, que tinha um textinho em espanhol. Eu achei aquilo bem interessante. Com dez anos, assisti a um programa de televisão que trazia um convidado estrangeiro, e tinha uma pessoa fazendo a tradução simultânea para o público poder entender. E eu achei aquilo o máximo”, conta. A partir daí, o interesse de Laila foi despertado; ela chegou a frequentar um curso de inglês, mas não tinha afinidade com o idioma na época e passou a estudar espanhol – o que a ajudou a passar no vestibular e cursar Pedagogia.

A partir daí, Laila começou a colocar seu sonho de trabalhar com outros idiomas em prática – primeiro, dando aulas de espanhol; e, em seguida, cursando uma pós-graduação em tradução e depois um curso para atuar como intérprete. “Comecei a ter clientes: tanto empresas que contratavam os meus serviços quanto agências de tradução e mesmo colegas que precisavam de uma ajuda para atender aos seus clientes”, conta.

Negócio próprio

Com o tempo, Laila percebeu a necessidade de formalizar sua atividade – e daí partiu para a criação de uma empresa própria. Atualmente a TradIn oferece serviços especializados de tradução, interpretação e legendagem. Além de contar com uma equipe preparada para atender às necessidades do trabalho, a TradIn se diferencia por uma postura bastante próxima ao cliente, por meio da qual pode perceber a real necessidade de cada um, e oferecer o serviço mais adequado. “Cada serviço tem um universo de detalhes diferentes – e a gente sempre quer oferecer o melhor. Começamos conversando com o cliente, para entender o que ele precisa e poder passar um orçamento de acordo com a necessidade dele. Isso vale tanto para textos a serem traduzidos quanto para trabalhos que necessitem de intérprete, por exemplo. Nesse caso é necessário saber com antecedência como será a dinâmica do evento”, explica.

Sobre a diferença entre tradutor e intérprete, Laila explica: “Tradutor é tido como aquele que trabalha com o texto escrito, e intérprete é o que lida com a tradução oral. Eu não gosto muito dessa definição, porque temos os tradutores e intérpretes também de Libras, que é a língua de sinais brasileira. Eu diria que a interpretação é aquela feita enquanto acontece o evento, e a tradução é feita depois”.

Laila conta com uma equipe na TradIn, que varia de acordo com a necessidade do serviço. No caso de interpretação (tradução simultânea), por exemplo, são geralmente necessários dois profissionais, a fim de que o serviço flua de forma natural e eficaz. “É uma atividade muito cansativa, que exige uma carga cognitiva muito alta. Nosso trabalho é comparado, inclusive, com o de controladores de voo! Assim, os intérpretes vão se alternando; aquele que não está atuando naquele momento está atento ao que é dito, a fim de ajudar o colega. Na tradução de textos também trabalhamos em equipe – é sempre necessário contar com outra pessoa para revisar o material.”

Outras culturas, outros vocabulários

Ao contrário do senso comum, o ofício de tradutor ou de intérprete é muito mais complexo do que o uso de um conhecimento de vocabulário e gramática do idioma com o qual se está trabalhando. É necessário atentar às formas pelas quais os naturais de determinado idioma se expressam, o que envolve um certo conhecimento de sua cultura. Além disso, dependendo do assunto, é preciso ter um conhecimento prévio do vocabulário técnico que está sendo utilizado.

“É necessário fazer o texto ou o discurso soar natural. E para isso é preciso ter um conhecimento cultural. No caso do espanhol, por exemplo, há diferenças entre a forma como é falado na Espanha e na América Latina. Existem determinadas palavras usadas em um país que podem ser muito agressivas em outro. O mesmo ocorre quando um palestrante faz um trocadilho, ou uma piada, que pode não fazer sentido em outro idioma. A gente precisa adaptar aquilo para que o público possa entender. Tanto o tradutor quanto o intérprete precisam entender que fazer uma boa tradução não é repetir tudo que está sendo dito, mas fazer aquela frase ter sentido para aquele que ouve”, pondera.

Quanto à questão do vocabulário especializado, Laila explica que é necessária uma preparação prévia. “A gente estuda muito. Na tradução conseguimos ir pesquisando os termos de acordo com o aparecimento deles nos textos ou nos vídeos. Já na interpretação é necessário se preparar com antecedência – afinal o trabalho será feito ao vivo, e é preciso ter os termos na ponta da língua! Sempre solicitamos aos clientes que nos enviem um material sobre o que será tratado antes, a fim de que possamos saber sobre o que será a reunião, treinamento ou palestra, e possamos criar um glossário de termos.”

Ela ressalta que a área médica é uma das que apresenta uma série de desafios nesse sentido, por incluir muitos termos técnicos. “Os intérpretes, em sua grande maioria, não são formados na área de saúde. Por essa razão é necessário pesquisar esses termos. Já tivemos casos em que, concluído o trabalho, um dos ouvintes nos perguntou se éramos médicos”, lembra.

O papel da inteligência artificial

A utilização de ferramentas de inteligência artificial (IA) generativa em diversas atividades humanas tem trazido uma série de facilidades em termos de agilidade na conclusão de tarefas e acesso a informações – e a atividade de tradução não é exceção. “Para nós, é apenas mais uma ferramenta. No caso da legendagem automática, ela quebra um galho. Se você gravar um story e quiser legendá-lo de forma rápida, uma IA faz isso. Não será uma legenda profissional nem confortável para a leitura, ela poderá apresentar erros que terão de ser corrigidos manualmente”, explica.

Laila afirma que o mesmo se aplica à tradução de um e-mail ou um documento. “Você não vai pegar o seu plano de negócios e traduzir de forma automática; ele terá detalhes que não serão traduzidos corretamente dessa forma. Se você quer apresentar sua empresa para um possível investidor estrangeiro, por exemplo, terá que apresentar algo muito bem feito por um profissional”, pondera. Ela acrescenta que o mesmo raciocínio vale para a interpretação – na qual é necessário passar a emoção de quem está falando, e não deixar o trabalho a cargo de uma ferramenta automática.

Apoio à internacionalização

A TradIn tem atendido a clientes de diversas áreas em todo o país – desde clientes corporativos a influenciadores digitais, por exemplo. Também participa de eventos internacionais, como os diversos encontros paralelos à Cúpula de Líderes do G20 (fórum informal que promove discussões entre países industrializados e emergentes sobre temas ligados à economia mundial), realizada no Rio de Janeiro em novembro deste ano. A empresa teve como seu carro-chefe em 2024 a atuação em diversas reuniões de negociação em empresas e treinamentos corporativos, especialmente no eixo Rio-São Paulo.

“Estamos querendo aumentar nossa carteira de clientes ainda mais. O foco da TradIn atualmente é ajudar as empresas a levar os seus negócios para fora do país, a exportar seus produtos e serviços, e a captar clientes ou investidores estrangeiros. Se a empresa está insegura em fazer um contato fora do país, ou pretende trazer um cliente ou um negociador para sua empresa, por exemplo, nós fazemos essa ponte na comunicação”, conta. Além disso, a empresa também contribui para quem desenvolve cursos e quer disponibilizá-los a públicos de outros países. “Podemos fazer a legendagem ou um voice-over [técnica na qual as vozes dos intérpretes são gravadas sobre a faixa de áudio original, que pode ser ouvida em segundo plano], o que for melhor para o cliente.”

Um nicho de mercado que a TradIn deverá explorar em 2025 é o da tradução de podcasts destinados a públicos específicos – como aqueles abordando atividades relacionadas à condicionamento físico e esportes, como musculação, e conteúdos religiosos.

Em entrevista ao IstoÉ Sua História, Laila Compan fala um pouco de sua trajetória como tradutora e intérprete, e sobre a TradIn. Confira o papo na íntegra:

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