O desejo de empreender apareceu muito cedo na vida de Fredison Carneiro. O seu primeiro negócio nasceu com apenas 12 anos, quando coordenava os amigos para entregar as compras da feira dos clientes em suas casas. A ambição coincidia com a origem humilde —ele nasceu em Capim Grosso, no interior da Bahia, e cresceu na periferia de São Paulo.

Com muita resiliência, Fredison superou as adversidades da vida e achou o seu lugar no mundo empresarial. Ele é hoje dono da LA Educação, startup dedicada ao ensino a distância, o EAD, que está transformando o setor educacional do País. A empresa é fruto de uma longa caminhada nos negócios, que envolveu 16 empreendimentos fracassados.

“As pessoas não têm noção do que é empreender”, afirma Fredison. “A minha família fala até hoje que eu nunca tive 16 empresas, mas empreender não é ter um CNPJ. Ele envolve desenvolver algo que vai te tornar autossustentável, sem precisar trabalhar para ninguém”, ele continua.

O empresário conta que a família se mudou da Bahia para São Paulo muito cedo pelo desejo de melhorar de vida, mas que o processo foi difícil. O pai viajou sozinho para arranjar trabalho e viabilizar a vinda da esposa e dos quatro filhos, que incluíam um pequeno Fredison. Eles eventualmente conseguiram achar um lugar para morar no Jardim D’Abril, uma pequena comunidade próxima da cidade de Osasco. “O meu sonho era tirar os meus pais da periferia, e isso me incentivava a continuar”, ele diz.

Fredison lembra ainda nessa época de um encontro com um motorista de um carro de luxo em um semáforo, quando entregava panfletos no trânsito para ajudar a família com as contas. Depois de perguntar ao garoto o porquê de estar trabalhando, o dono do veículo disse a Fredison para estudar e lhe deu um conselho para a vida.

“Ele me disse que eu só tinha dois caminhos para ser rico e dar uma vida melhor aos meus pais: ou eu estudava medicina ou aprendia a vender, porque a venda é uma arte para poucos”, reconta o empresário. “A partir daquele momento a minha vida mudou, porque eu entendi que para conquistar as minhas coisas eu precisava aprender essa arte da venda. Foi a partir dali que comecei a estudar e a pesquisar, e todos os meus novos empreendimentos eu estava sempre pensando em vender”, continua.

O empresário levou o conselho daquele desconhecido para a vida, mesmo que a sua trajetória como empreendedor tenha sido de idas e vindas. Depois da feira, Fredison ainda foi dono de um estúdio audiovisual aos 16 anos, filmando festas de aniversário e eventos da sua comunidade. “Ele não acabou dando certo porque eu levava muito calote, fazia aquilo muito mais por amor do que pelo dinheiro”, ele recorda da época.

A vida de Fredison Carneiro começou a mudar de vez aos 17 anos, quando virou funcionário do Bradesco graças a um programa do governo do estado voltado a jovens periféricos. Na posição de estagiário, ajudando clientes a manusear caixas eletrônicos da agência, ele conseguiu ser promovido a bancário ao ir além de suas funções —ele vendia produtos do banco enquanto fazia o serviço.

“Eu entendi que para mim, um garoto pobre da periferia, trabalhar como bancário era algo totalmente fora da normalidade da época. Por isso, vi que a minha chave para o sucesso eram as vendas, e então teria que me sobressair nelas”, ele afirma.

Fredison se tornou o primeiro bancário da sua família e trabalhou no Bradesco pelos próximos nove anos. De promoção em promoção, chegou ao cargo de gerente administrativo da agência aos 22 anos, no processo sendo transferido e realocando a sua família para a cidade de Astorga, no Paraná. Mas em 2016 ele decidiu deixar o emprego —o chamado do empreendedorismo ainda habitava o seu coração.

“Eu cheguei em um patamar no banco que eu não poderia mais crescer, e isso me incomodava”, reconta o empresário. “Eu sempre gostei de ser desafiado, e isso me incentivou a continuar no banco por todo aquele tempo, incentivado por cada nova promoção. Quando eu cheguei no cargo de gerente, entendi que não tinha mais para onde ir lá dentro, e então entendi que era o momento de empreender e continuar a minha trajetória profissional lá fora”, afirma.

Montanha-russa

Fredison passou por poucas e boas até a LA Educação. Entre a saída do banco e a fundação do negócio, em 2021, o empresário trabalhou em mais de dez empreendimentos. Entre outros, ele gerenciou a carreira de um cantor sertanejo, montou uma rede de fast food, abriu uma loja de colchões, foi motorista de aplicativo, trabalhou como vendedor de produtos Hinode e criou associações para jogadores profissionais de pôquer e de video game. No caminho, ele ainda foi e voltou do mercado de trabalho.

“Cada empresa que não deu certo foi um aprendizado que eu tive”, diz Fredison. “Eu consegui entender naquela época que eu não deveria parar, que aquele momento fazia parte do processo de crescimento e que eu precisava passar por tudo aquilo”, ele emenda.

O interesse pelo setor educacional nasceu em 2018, quando o empresário foi convidado a trabalhar na UniCesumar, no Espírito Santo. No setor comercial, Fredison percebeu o potencial de crescimento do ensino a distância e, em especial, o quanto se faltava em vendas na modalidade.

“Haviam poucas pessoas com perfil comercial na área. O segmento EAD cresceu em uma proporção muito rápida, mas as grandes instituições achavam que a solução para a situação estava com os professores”, diz o empresário. “Era muito comum na época que, se você fosse professor e quisesse abrir um pólo de EAD, outra instituição em expansão oferecesse a unidade educacional para você tocar. Eu fui lá no Espírito Santo fazer um diagnóstico da situação e concluí que aquilo não estava dando certo, que vender não era a praia dos professores”, ele reconta.

Fredison então propôs um plano de expansão com vendedores especializados, o que ele diz que gerou bons resultados para a UniCesumar. Ao mesmo tempo, surgiu em sua cabeça a ideia de criar uma associação de empresários da educação, o que ele eventualmente desenvolveu como a LA Educação, enquanto passava por diferentes entidades respeitadas como a PUC do Paraná.

Com as portas abertas desde 2023, a empresa propõe o que ele afirma ser um método revolucionário para a educação a distância. Segundo Fredison, a LA Educação faz a intermediação entre empreendedores e as instituições do setor, comprando de maneira antecipada as vagas em faculdades, centros universitários e escolas técnicas para baratear os custos dos cursos.

“Com isso, a gente consegue repassar para o empresário um valor muito em conta e aumenta o repasse dele”, explica Fredison. “Ao invés dele ganhar apenas 40% dos ganhos como o pólo educacional, ele garante até 500% dos lucros em cima dos produtos que vende”, ele continua. O empreendedor compara o trabalho da LA com o da Uber, que faz um serviço parecido no setor de transporte.

“A gente se considera o Uber da educação, porque de um lado tem os pequenos empresários educacionais, que precisam vender os cursos, e do outro as faculdades, os centros universitários e as escolas técnicas, que querem distribuir os seus cursos para todo o país”, afirma o dono do negócio. “A gente hoje tem mais de 600 parceiros em todo o país, juntando-os com as universidades para compartilhar o ensino. Esse processo não existe em nenhum lugar do mundo”, diz ainda.

Essa revolução não vem sem alguns incômodos no mercado, segundo o empresário. “O mercado educacional oferece 40% para o parceiro e de repente a gente aparece garantindo um lucro de 500%. Isso está abalando um pouquinho as estruturas e a gente obviamente fica na mira dos mais poderosos”, afirma Fredison. “Mas a gente tem resiliência para aguentar a pressão e ajudar os parceiros, os pequenos empresários do ramo que são a nossa principal missão hoje”, ele finaliza.

Em entrevista para o IstoÉ Sua História, Fredison Carneiro conta mais de sua trajetória profissional e discute os desafios do empreendedorismo à frente da LA Educação. Confira:

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