Direcionado à movimentação de produtos de alto valor agregado, tanto no sentido da exportação quanto da importação, o transporte aéreo de cargas tem se expandido nos últimos anos no país. Esse crescimento é ainda mais expressivo se levarmos em conta o aumento do e-commerce, especialmente a partir da pandemia da Covid-19. Uma das principais empresas que atuam nesse segmento é a TriStar, fundada por Fernando Miguel Bimonti e que já soma 27 anos no mercado. Presente em aeroportos de todo o Brasil, além de países das três Américas, a companhia é hoje um grupo multinacional que atua também em diversas áreas: armazenagem, treinamentos, manutenção, serviços nas áreas imobiliária e de segurança, movimentação de cargas expressas e, mais recentemente, em soluções especializadas para a acomodação de animais de estimação.

Bimonti conta que começou a atuar no mercado de aviação em 1974, tendo trabalhado por quatro anos na Varig e as duas próximas décadas na Lufthansa – sempre na área responsável pela movimentação de cargas. “Em 1996, eu tive a possibilidade de requerer uma aposentadoria especial, destinada aos profissionais que trabalhavam nessa área. Mas, eu não queria ficar sem fazer nada. Assim, conversei com o meu diretor para saber se havia a possibilidade de continuar prestando algum serviço para a Lufthansa. O que, na época, era algo completamente inédito”, conta.

A proposta foi levada à sede da companhia, em Colônia (Alemanha), e aprovada. Dessa forma, Bimonti e alguns colegas se uniram para criar a TriStar, que a partir de 1997 seria responsável pela movimentação de cargas de importação da Lufthansa no Aeroporto de Guarulhos (SP). “Com o tempo, a empresa decidiu terceirizar também a parte de exportação. Assim, iniciamos a trajetória da TriStar com uma grande companhia nos dando suporte – o que nos deu mais chance de crescer e de nos consolidarmos no mercado.”

De fato, os primeiros seis anos da TriStar seguiram essa tendência de crescimento e consolidação – a ponto de, em 2003, expandir suas operações para os Estados Unidos. “A TAM, que ainda não era Latam, estava desenvolvendo o mercado de cargas em Miami, e nos deu o serviço de agente geral de vendas (GSA). Durante cinco anos exercemos essa tarefa, em uma época em que o mercado estava em franco aquecimento. O câmbio era favorável, e o Brasil importava muita carga [dos EUA]. Foi dessa forma que teve início nossa expansão internacional”, afirma.

Treinamentos especializados

Buscando aprimorar suas operações, a TriStar começou a investir na oferta de treinamentos especializados – tanto na parte de segurança quanto na própria movimentação de cargas. “Quando prestamos serviços na área de segurança para companhias aéreas e concessionárias, por meio de Agentes de Proteção da Aviação Civil [Apacs], sentimos a necessidade de dispor de um programa de treinamento contínuo para esse pessoal. Por essa razão acabamos abrindo nosso centro de treinamento, e aos poucos fomos expandindo essa área de atuação”, conta Bimonti.

De acordo com ele, hoje a TriStar oferece treinamentos não apenas para seus funcionários, mas também para outros players do mercado – sempre de forma alinhada ao que é estabelecido em regulamentos nacionais e internacionais. “Temos hoje diversos cursos: não só de segurança, mas também na área de cargas, artigos perigosos e movimentação de animais vivos, entre outros”, afirma, acrescentando que parte dos treinamentos é feito por meio de ferramentas de educação à distância (EAD).

Para Bimonti, o fator humano é essencial para o sucesso da TriStar. “Temos muitos colaboradores, e são eles que tocam a empresa. Então a gente procura valorizar ao máximo esse pessoal. Nós temos funcionários que completaram 25 anos de companhia, o que é motivo de orgulho para nós. Buscamos investir cada vez mais nas equipes, em treinamentos e para que eles sempre tenham um bom ambiente de trabalho. Afinal, são eles que fazem a companhia; se não entregarem um bom serviço, as coisas não funcionam”, avalia.

Desafios e oportunidades

Ao atuar durante quase três décadas no segmento de cargas aéreas, Bimonti enfrentou momentos desafiadores na trajetória da TriStar. Nesse período, o setor de transporte aéreo foi impactado negativamente pelos atentados de 11 de setembro de 2001, pela crise financeira global e, mais recentemente, pela pandemia de Covid-19. No entanto, a companhia conseguiu não apenas superar esses momentos, mas continuar expandindo suas operações.

“Na época do 11 de setembro foi um pouco complicado – especialmente com relação aos voos dos EUA. Mas na época atuávamos mais com voos da Lufthansa no continente europeu. Já a pandemia foi um desafio para todos: o aeroporto de Guarulhos ficava completamente deserto naquele período. Não havia mais voos; tivemos de reduzir nosso staff em 90% de uma hora para a outra”, lembra.

No entanto, esse período também possibilitou à TriStar colocar em prática um plano que já estava no papel há seis anos. “Surgiu em 2020 a oportunidade de investirmos em um armazém de cargas, que vínhamos desenvolvendo com o GRU Airport e a Receita Federal. Coincidentemente, ambas aprovaram o plano naquele ano, e então colocamos a ideia em prática. Muitos disseram que era uma loucura – afinal, estávamos investindo em um armazém em uma época em que não havia voos! No entanto, se por um lado a pandemia derrubou o transporte de passageiros, por outro levou a um aumento da movimentação de cargas aéreas, por meio do e-commerce e das próprias indústrias. Algumas companhias aéreas chegaram a converter seus aviões de passageiros em cargueiros.”

Dessa forma, o armazém da TriStar no aeroporto de Guarulhos foi inaugurado em agosto de 2021. “É o único armazém alfandegado no Brasil operado por alguém que não é concessionário, o que é um grande diferencial. Ele é especializado em operações de exportação – o que representa um grande benefício para nossos clientes. Recebemos as cargas e as preparamos para o embarque na aeronave. Foi uma decisão estratégica, tomada no momento certo, e que contou com o apoio de nossos clientes, como a American Airlines e a TAP. Hoje nosso armazém está lotado, e já estamos negociando uma expansão de área de 50%”, afirma.

Outro foco recente da TriStar tem sido o investimento na área de cargas expressas, que apresentou um grande salto a partir da pandemia. “Ainda somos pequenos neste segmento, mas estamos crescendo e obtendo um retorno muito bom do mercado. Já temos grandes clientes, como a Amazon.”

Serviço pet-friendly

Além de investir no armazém e no fortalecimento da área de cargas expressas, a TriStar está trazendo uma novidade ao mercado brasileiro: um serviço especializado para a acomodação de animais de estimação, com toda a segurança e conforto, no transporte aéreo. “Nós sentimos uma necessidade enorme nos aeroportos em dispor de um espaço pensado para receber pets. Assim, desenvolvemos um serviço direcionado a pequenos animais: cães, gatos e algumas aves”, explica.

Bimonti conta que a ideia veio da recente tragédia envolvendo o cão Joca, que morreu durante uma viagem de avião. O caso gerou uma comoção nacional, e chamou a atenção para a necessidade de se desenvolver uma estrutura efetivamente segura para os pets. A TriStar já estava desenvolvendo um serviço assim desde 2022, e a iniciativa ganhou mais relevância a partir deste ano. O serviço faz com que os tutores que viajam com seus bichinhos, dentro do Brasil ou rumo ao exterior, possam contar com a segurança de que eles estejam acomodados com todos os cuidados necessários.

“A ideia é proporcionar aos donos dos animais a possibilidade de acompanharem como eles estão sendo tratados. O espaço terá câmeras, e com isso os donos poderão saber em tempo real como estão seus bichinhos. Já temos isso em Miami: lá, o animal ingressa em nosso armazém e o seu dono recebe uma senha, por meio da qual ele pode acessar a câmera e ver seu pet”, pondera, acrescentando o projeto tem sido apoiado pela concessionária GRU Airports e pelos órgãos reguladores, como o Ministério da Agricultura e Pecuária, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). “O animal de estimação é como um filho para seus donos. Tem que ser bem tratado, e é isso que a gente está fazendo.”

Em entrevista ao IstoÉ Sua História, Fernando Miguel Bimonti fala sobre sua trajetória e sobre a atuação da TriStar no mercado brasileiro de serviços aeroportuários. Confira o papo na íntegra:

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