30/09/2024 - 11:58
Rodrigo Bertotti e Fabiana Bertotti começaram a vida com o pé na rua, vendendo livros de porta em porta. O casal se conheceu na faculdade em 2002 sob circunstâncias parecidas e caminhos diferentes. Ele era de Santa Catarina e cursava teologia; ela era da Bahia e fazia jornalismo; os dois precisavam de dinheiro para pagar o curso.
Os Bertotti uniram forças e aprenderam a construir uma carreira juntos, usando de suas habilidades para apoiar um ao outro. Duas décadas depois, eles são donos de seus destinos e de um empreendimento próprio, a Bertotti Conteúdos. Com o mercado editorial digital conquistado, o casal agora ajuda especialistas a encontrarem o seu público na selva das redes sociais.
Para a dupla, o sucesso passa pelo estudo e por entender as necessidades do público, o que tem a ver com os primeiros anos de sua relação. Nas férias da faculdade, eles viajavam para o sul do país e navegavam em busca da clientela, sempre atrás da próxima venda. O sonho da carreira os motivava, assim como a falta de dinheiro —os dois nasceram em famílias humildes, que não conseguiam sustentar os filhos pródigos.
Rodrigo e Fabiana entenderam logo que tinham habilidades diferentes e que podiam usar isso a seu favor. Primeiro por uma questão de gênero, com ela vendendo livros em mecânicas e ele mirando as professoras; depois, por uma questão de especialidade.
“Eu sempre fui mais a pessoa do conteúdo e ele a das vendas, da estratégia”, diz Fabiana. “A gente sempre funcionou dessa forma. Mais para frente, eu escrevia os livros e ele me dizia ‘Ó, vende assim, vende assado, faz desse jeito’. A gente sempre combinou muito, e eu aprendi muito a vender com ele”, ela continua.
Depois de graduados, os Bertotti se casaram e foram morar em Santa Catarina. Por alguns anos, a dupla equilibrou as contas em trabalhos de suas áreas. Enquanto Rodrigo trabalhava como pastor e na editora da igreja, Fabiana era repórter do canal SBT e da rádio Novo Tempo, colaborando em revistas, jornais e em assessorias de imprensa.
Mas o casal não sabia se conformar aos próprios empregos, e um começou a incentivar o outro ao empreendedorismo. O sonho do empreendedorismo começou a andar depois que Fabiana abriu o seu canal de YouTube, em 2008, e se motivou a escrever.
“Eu falava para ela escrever um livro, porque nessa época a convidavam muito para dar palestras”, diz Rodrigo. “Eu vendia livros, então sabia como ajudá-la. Ela se encorajou em 2009, e assim que ela terminou de escrever a gente começou a vender”, ele continua.
Com o livro publicado, os Bertotti compraram toda a tiragem da obra, assumindo a tarefa de vender o estoque às livrarias. O que era um desafio para um tempo como aquele, que dava os primeiros passos das lojas físicas para as virtuais. “Ele comprou 7.500 livros e, quando aquele monte de caixa começou a invadir a nossa garagem, eu só pensava como venderíamos tudo aquilo”, diz Fabiana.
“A gente começou a ver influência, onde dava para vender aqueles livros”, afirma Rodrigo. “Nós achávamos nichos e cada nicho comprava lotes de 3 mil, 2 mil unidades”, ele continua. No fim, o primeiro estoque foi insuficiente —nas contas da dupla, eles venderam quase 100 mil unidades naquela primeira aventura.
Construa e eles virão
Fabiana Bertotti ainda lançaria um segundo livro e chamaria a atenção do mercado editorial, com obras publicadas pela Editora Planeta. Mas o que era para ser uma aventura se tornou realidade quando o casal empreendedor decidiu se mudar para a Inglaterra em 2013.
“A gente decidiu sair do país para fazer um tratamento para engravidar”, lembra Rodrigo. “No fim daquele ano, pensamos em contratar um funcionário para trabalhar na parte física da entrega dos livros e, para isso, abrimos a empresa”, afirma o executivo.
A mudança exigiu muito dos Bertotti, que da noite para o dia precisavam ganhar mais para dar conta do câmbio da nova moeda —uma libra valia sete reais. Mas eles também viram uma arma poderosa na internet e nas redes sociais nascentes. O YouTube de Fabiana se tornou a garota propaganda ideal do negócio do casal, que retomou os estudos. “Aí eu vi uma necessidade, a gente tinha que estudar como vender no mundo online, o tal do marketing digital”, diz Rodrigo.
Outro problema do negócio foi a tecnologia do e-commerce da época, naquele momento ainda em seus primeiros passos. “Para a gente não era fácil fazer uma plataforma de check-out online, haviam pouquíssimas opções na época”, lembra Rodrigo. “Quando a gente vende um livro por correio é fácil, mas quando você vende mil, cerca de cem voltam, e aí você tem que pagar para enviá-los de novo.”
Os desafios de logística estimularam os Bertotti a investir no segmento de cursos online, de novo capitalizando a figura de Fabiana para eles mesmos. Mas eles também foram atrás do aprendizado técnico no setor, descobrindo como construir uma plataforma e até programar.
“O desejo de fazer acontecer te leva a aprender coisas muito diferentes”, diz Fabiana. “Hoje é fácil a gente olhar para a nossa empresa, porque ela tem vários funcionários e clientes, está muito bem estruturada. Mas se tudo acabar, nós dois fazemos o negócio funcionar do mesmo jeito, porque a gente sabe como funciona cada parte dele”, ela continua.
“Nós fizemos todos os processos e sabemos quanto tempo eles levam”, complementa Rodrigo. “Quando contratamos um funcionário, a gente sabe exatamente o que ele fará. A gente gravava e editava o vídeo, fazia o atendimento, criava e imprimia a etiqueta, levava pacote nos Correios”, conta Fabiana.
A insistência dos Bertotti nos estudos e no aprendizado prático ajudou a Bertotti Conteúdos a explodir alguns anos depois, com a pandemia de 2020. Nessa época, o casal retornou ao Brasil para aproximar os filhos dos avós. Já a empresa explodiu de vez, com o fluxo novo e mais intenso do mercado digital criado pela quarentena.
Rodrigo destaca os passos importantes desse momento: “O negócio tomou proporção maior durante esses anos, porque a gente fez novas parcerias e contratamos mais gente. Até então, desenvolvemos os produtos para a Fabiana, mas quando voltamos ao país, criamos relações com universidades e pessoas, o que alavancou a empresa”.
“”Em 2020, com a pandemia, o mercado digital sofreu uma revolução, mas a gente estava pronto para ela. Enquanto os outros começavam a estudar o meio, desesperados com o mundo de portas fechadas, nós já fazíamos isso há seis anos. Nós estávamos a 80 quilômetros por hora e o resto ainda aprendia a ligar o carro”, declara o executivo.
Os números do negócio espantam. De um a dois funcionários, o casal começou a contratar dois a três por semana na pandemia, chegando ao quadro atual de 22 trabalhadores. Segundo o casal, o faturamento anual da Bertotti Conteúdos hoje passa dos R$ 50 milhões.
“O conhecimento custa caro. Um serviço por si só pode ser barato, mas o conhecimento que faz esse serviço gerar lucro e conhecimento é caro”, diz Fabiana. “O que fez a diferença para quem começou a trabalhar com a gente não foi a tarefa de gerenciar o marketing. Eles pagam pelo tanto que a gente aprendeu antes do meio estourar.”
A executiva destaca o quanto a trajetória do casal fortalece o trabalho da empresa, que hoje oferece serviços de marketing digital a profissionais. “Quando aparece a necessidade, você não cobra mais pelo serviço, você cobra pela sua expertise. O trabalho de gerenciar você contrata qualquer gerente”, ela afirma.
“Uma coisa que falamos muito nessa questão de agregar valor é que você acumule conhecimento a ponto de se tornar único no seu segmento, de você se destacar dos outros. Por que esses grandes nomes do mercado custam mais que os fulanos da vida? Porque eles sabem de funcionamento de gestão, de comportamento social, de psicologia de ambiente de trabalho, ele tem experiência”, Fabiana finaliza.
Para Rodrigo, o estudo é o primeiro passo que todo profissional precisa dar para ter sucesso: “A pessoa precisa dominar o negócio dela, entender a especialidade dela. Ela não pode ficar na questão rasa, saber só o que todo mundo sabe. A gente precisa sair dessa mediocridade”.
Em entrevista para o IstoÉ Sua História, Rodrigo Bertotti e Fabiana Bertotti contam mais sobre a sua trajetória profissional e discutem a jornada da empresa. Confira:
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