Quando decidiu abrir seu próprio empreendimento, aos 23 anos, Andrea Rivetti encarou dois desafios. Um era o de convencer os potenciais clientes de que seu modelo de negócios, baseado em um primeiro momento na locação de equipamentos de tecnologia, era vantajoso do ponto de vista de corte de custos. O outro era o de atuar em um mercado que, até hoje, é predominante masculino. Quinze anos depois, o sucesso da Arklok tem demonstrado que a empreendedora venceu ambos os desafios – e continua ampliando a atuação de sua companhia.

“Me formei em Direito, mas, quando passei no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a única certeza que eu tinha é que não queria atuar na área. Sempre fui muito curiosa, e queria trabalhar com tecnologia – mas eu não sabia exatamente com o quê”, conta.

O estalo veio quando Andrea notou que as empresas tinham diversos custos decorrentes da área de Tecnologia da Informação (TI) relacionados à obsolescência dos equipamentos e à quantidade de funcionários necessários para a sua gestão. “Comecei a pesquisar esse mercado, e vi que ninguém calculava os diversos custos indiretos desses equipamentos – como gestão de patrimônio, logística, segurança, e inclusive o descarte, que é bastante oneroso. Resolvi colocar tudo no papel e pensar em um modelo que, mais do que meramente alugar equipamentos, oferecesse também soluções de gestão às empresas”, afirma.

Dessa forma, desenvolvendo uma forma de reduzir os custos das empresas, surgiu a Arklok. “Li no jornal que uma empresa de Minas Gerais estava vindo para São Paulo, e pensei em visita-la e oferecer o serviço. Eu tinha só 23 anos, mas encarei o desafio. Não tinha business plan, tinha apenas R$ 30 mil para iniciar o negócio. Meu primeiro contrato envolveu nove máquinas; eu atuava como departamento jurídico, comercial, técnico, tudo – ia inclusive montar os equipamentos. Foram alguns anos assim, dormindo em data center para aprender”, diz.

Quebra de paradigma

Uma importante barreira enfrentada por Andrea no início foi a visão, então predominante nas empresas, de que era necessário deter a propriedade total de todos os seus ativos – incluindo equipamentos de tecnologia. “Se uma companhia fizer as contas, colocar todos os custos na ponta do lápis, verá que não faz o menor sentido efetuar a compra de qualquer ativo de tecnologia. Com o tempo a mentalidade patrimonialista foi perdendo força – até porque hoje já são comuns serviços como Uber ou assinatura de música”, afirma.

A própria pandemia da Covid-19, a partir de 2020, teria consolidado a visão de que era necessário às empresas ter um parceiro em tecnologia. “Do ponto de vista contábil também não faz mais sentido ter o ativo. Com mudanças recentes na legislação contábil, as empresas puderam passar a alocar essas despesas abaixo da linha do Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur) – ou seja, os valores não impactam sobre o resultado final da companhia”, acrescenta.

Nesse processo de quebra de paradigma, ela conta que sua formação em Direito contribuiu na hora de argumentar sobre os benefícios de não se ter equipamentos próprios. “Eu também sabia, como advogada, que não adiantava vender algo e não formalizar isso em contrato. Nós sempre nos comprometemos a entregar o acertado; em caso negativo, o cliente pode rescindir o contrato sem custo. Até hoje atuamos dessa forma.”

Enquanto trabalhava para enfraquecer a visão tradicional das empresas e mostrar as vantagens de seu modelo no que se refere à redução de custos, a Arklok ia aumentando sua base de clientes – basicamente por meio da propaganda boca-a-boca. “Nossos maiores vendedores sempre foram nossos clientes. Ainda tenho contratos que foram fechados lá atrás, nos primórdios da empresa, e que continuam até hoje. Porque as companhias se conscientizam de que esse modelo de fato reduz seus custos. Inicialmente as grandes empresas passaram a se dar conta disso, e hoje já trabalhamos com médias e pequenas empresas”, afirma.

Ao longo do tempo, a Arklok também foi aumentando o escopo de seus serviços – passando da locação de equipamentos inicial a um modelo de full outsourcing – no qual a empresa atua na entrega de meios de controle de acesso, de telefonia, de toda a parte de infraestrutura de TI. “Entregamos tudo o que envolve tecnologia dentro da empresa.  Porque, ao atuar no modelo de Hardware as a Service (HaaS), vamos muito além da locação”, diz.

Foco no cliente

Em seus 15 anos de atuação, a Arklok foi reconhecida pelos seus serviços, a ponto de ter conquistado prêmios do mercado de tecnologia – o mais recente foi o Premier Circle 2024 concedido pela Lexmark.  Mesmo assim, foi necessário muita vontade e resiliência para que Andrea mantivesse a empresa nos primeiros anos. “Foi um processo de construção feito aos poucos, tijolo por tijolo. A credibilidade que adquirimos no mercado não se consegue da noite para o dia. Ao longo dessa jornada, nunca pensei em desistir”, conta. 

Segundo Andrea, um dos aspectos que baliza a atuação da empresa desde o início tem sido o entendimento das demandas do cliente e o desenvolvimento de soluções que atendam às suas necessidades específicas – e não a oferta de “soluções de gaveta”. “Temos na empresa essa cultura de servir ao cliente, ouvir o que ele tem a dizer e desenvolver a solução mais adequada.” Nesse sentido, ela ressalta a decisão da Arklok de não atuar com exclusividade com nenhuma marca, a fim de ter a liberdade de oferecer a melhor alternativa que resolva a necessidade de seus clientes. “Trabalhamos com várias marcas: Apple, Lenovo, Dell, Hewlett-Packard (HP) e Samsung, entre outras”, afirma. Outro fator importante é dispor de equipes na Arklok preparadas para o atendimento, sempre buscando novas formas de reduzir custos nas empresas.

Com uma equipe de 370 colaboradores, atualmente a Arklok tem uma carteira com mais de 1 mil clientes, e gerencia mais de 300 mil itens nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Pernambuco e Ceará. Segundo Andrea, a empresa enxerga grandes oportunidades de crescimento. “Há um grande potencial inexplorado no Brasil”, avalia.

Luta contra o preconceito

Além da visão patrimonialista das empresas, outro desafio enfrentado por Andrea foi o fato de criar um negócio em um setor que, até hoje, tem presença predominantemente masculina. “No início eu buscava não aparecer muito. Eu acreditava que, por ser uma mulher, e jovem, no ambiente de tecnologia, não conseguiria criar credibilidade. Cheguei a pedir para meu pai ir a uma reunião comigo – ele não sabia nada do assunto, mas as pessoas veriam que havia uma pessoa mais velha.” 

Ela conta que passou por várias situações em que esse preconceito ficava evidente, como quando não era convidada a participar de eventos e palestras. “Não deixei isso me deter. Eu acreditava no meu modelo de negócios, e o levei adiante.”, afirma. Hoje, Andrea avalia que o ambiente mudou, e as mulheres vêm conquistando mais espaço no mercado de tecnologia – embora ainda de forma lenta.

Em entrevista ao IstoÉ – Sua História, Andrea Rivetti compartilha sua trajetória com a Arklok. Confira o papo na íntegra:

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