02/07/2024 - 13:30
A história de Bruno Grillo é marcada pela resiliência até se tornar o CEO da Hunter, uma startup de aluguel de carros e motos. O executivo perdeu a mãe aos três anos de idade e, depois, o pai aos oito. Em suas palavras, foi um começo de vida turbulento, que o obrigou a amadurecer rápido. Mas ele nunca deixou de perseguir os seus sonhos, que incluíam o de se tornar em um empresário.
O seu esforço rendeu frutos. Criada por ele em 2019, o Grupo Hunter hoje tem lugar de destaque no mercado de locação de automóveis, auxiliando motoristas que trabalham com aplicativos de transporte e de delivery. O trabalho também envolve a inovação: o grupo lançou em maio a Hunter Pay, fintech de investimentos alternativos que proporciona uma renda fixa segura a partir da locação de veículos.
Essa expansão está diretamente ligada à trajetória de Grillo, que lutou muito para conseguir o que queria da vida. Nascido em São João do Meriti, no Rio de Janeiro, ele mergulhou nos estudos aos 14 anos, quando começou um curso técnico de administração. Depois, entrou para a Marinha, onde serviu por 18 anos em um cargo administrativo.
“Eu usei o concurso de trampolim na minha vida”, diz o empresário. “O meu sonho era ser empreendedor, mas para isso tinha que subir as escadas a passos curtos. Então fui ser militar, servindo no corpo de fuzileiros navais, e o militarismo me proporcionou muitas coisas. Ali eu pude concluir a minha faculdade, graduado em administração de empresas, e consegui manter uma loja virtual de veículos, revendendo carros e motos nas poucas horas vagas”, ele afirma.
O executivo diz que desde sempre foi apaixonado por carros, e esse amor o levou ao mercado automobilístico. “Quando pensei em empreender, percebi logo que queria fazer o que eu gosto, mexendo com carros”, diz ele, afirmando que o veículo é um dos primeiros brinquedos da infância. Ele também lembra do seu exemplo paterno: “Meu pai era um empresário de sucesso e foi a pedra fundamental, queria seguir os passos dele”, lembra o executivo.
A grande virada para Bruno Grillo aconteceu quando deixou a estabilidade do cargo público para se arriscar no empreendedorismo. A decisão foi encarada com desconfiança por boa parte dos colegas de trabalho e da vida. “Quando saí, as pessoas me julgaram bastante. Perdi alguns amigos, que pensaram que depois entraria em contato à procura de um empréstimo”, diz o executivo. Apesar da descrença, ele afirma que a saída do corpo militar foi planejada com paciência e nos mínimos detalhes, citando a sua jornada de 15 anos no mundo empreendedor.
“Eu sou fuzileiro naval, que é pau para toda obra no militarismo, e ocupava um cargo administrativo ao mesmo tempo. Tive uma experiência muito grande na área lá dentro, porque enquanto trabalhava na operação eu estava em contato direto com os grandes gestores daquele meio”, declara Grillo. O empresário continua: “Muito do que aprendi com os militares eu aplico hoje no Grupo Hunter, e ainda fiz outras coisas. Terminei a graduação de administração, li mais de 70 livros da área e fiz mais de 100 cursos online, justamente para construir um conhecimento que pudesse aplicar ao meu negócio”. Ele lembra ainda do MBA de gestão econômica e estratégica de negócios que fez na FGV, formação que só conseguiu três anos depois de fundar a Hunter.
Arremessando alto
O negócio nasceu pequeno, mas com grandes ambições. Segundo Bruno Grillo, em 2018 ele começou a oferecer os carros da loja virtual para os maiores empreendimentos de locação do mercado. O empresário ouviu muitas negativas, mas viu na alta demanda de motoristas de aplicativo que o mercado precisava de uma locadora para este público.
Com o projeto da Hunter em mãos, o empresário convidou três amigos próximos para serem seus sócios. Todos eles tinham especialidades diferentes na área e podiam ajudar Grillo a viabilizar o seu negócio, mas convencê-los foi um desafio. “Todos eles trabalhavam em grandes redes de empresas internacionais, e por isso foi difícil para eles dizer sim. Só que eu falei olha, vocês precisam acreditar no potencial de vocês. Da mesma forma que estou sacrificando a minha carreira militar, vocês terão que sacrificar algo também”, lembra. O fundador já sonhava alto nesse momento: “Eu disse a eles que se sonhassem comigo, seríamos grandes”.
O executivo diz que a ambição levou a alguns erros, incluindo o de compor um quadro de 20 funcionários com apenas três meses de Hunter —e sem um teste de operação, vital para o entendimento de como funcionava a própria empresa. “Eu sempre falei que pensar grande dá o mesmo trabalho que pensar pequeno, então já comecei com o pensamento muito grande”, relembra Grillo. “Foi um erro que cometemos lá atrás, mas a empresa era resiliente como eu e se adaptou”, ele diz.
Mas a maior provação da Hunter foi a pandemia. Segundo o empresário, o lockdown aconteceu quando o negócio tinha menos de um ano de vida, reduzindo drasticamente o uso de aplicativos de mobilidade —o mercado principal da empresa. Apesar da incerteza, de repente os aplicativos de delivery e as compras online começaram a explodir, tornando úteis de novo os carros parados nas garagens de Bruno Grillo.
Segundo o empresário, as pessoas hoje em dia não vivem mais sem o delivery, e a pandemia ainda levou as pessoas a comprarem mais pela internet: “Elas quase não vão mais às lojas pela facilidade do online. E alguém tem que entregar, né? Então enquanto outras locadoras sofriam com devoluções, nós sofríamos porque não tínhamos carros suficientes para nossos clientes”, declara.
A demanda foi tão alta que catapultou os planos de crescimento da Hunter, que abriu filiais em São Paulo no fim daquele ano. “Nesse momento pensei: agora chegou a hora de mostrarmos ao mundo quem somos”, diz Grillo. “Algumas pessoas me achavam maluco, diziam ‘Bruno, no meio da pandemia você vai querer expandir?’. Eu respondia que sim. Foi a melhor escolha que fizemos, porque hoje a principal praça da Hunter é São Paulo. Com isso, também ganhamos maior credibilidade no mercado”, o empresário conclui.
O Grupo Hunter hoje é formado por quatro empresas. Além da locadora de carros, há um braço focado no negócio de motos, uma divisão que cuida da parte de tecnologia —com sede em Portugal— e o recém-inaugurado Hunter Pay. A operação não passa de 100 funcionários, com Grillo investindo em uma estrutura de tecnologia.
“Uma das principais características da Hunter é fazer negócios usando a tecnologia”, explica o CEO: “Nos dias de hoje, uma empresa que vive sem tecnologia não sobrevive, ela faz toda a diferença. Nosso negócio é trazer a inovação para o mercado”.
O Hunter Pay é a síntese desse processo adotado por Bruno Grillo. A ideia da fintech de investimentos alternativos nasceu ainda na pandemia, quando o empresário e os seus sócios perceberam na crise que as pessoas buscavam o carro para recomeçar a vida.
“Tivemos a ideia de correr atrás dessas pessoas para investir no negócio delas”, afirma Grillo. “Isso só deu certo porque nós estabelecemos que precisávamos dar essa oportunidade para outras pessoas escalarem o mercado, da mesma forma que nós fizemos”, ele continua.
Ele explica que a fintech permite que o cliente financie o carro que aluga enquanto usa o veículo para trabalhar, com a Hunter dividindo o aluguel: “Quando você investe no Hunter Pay, você está investindo em um ativo, seja um carro ou uma moto, que são alugados nas nossas locadoras. Essas pessoas não precisam ter comprovação de renda, não precisam de nome limpo. Nós damos crédito para quem não tem crédito. É uma das nossas pegadas sociais”.
Os investidores da fintech que viabilizam o contrato, diz o empresário, também recebem uma remuneração atraente no processo. Segundo ele: “A gente gosta de falar que é uma metodologia ‘win win’, do ganha ganha. Quem investiu no Hunter Pay ganha, porque é uma rentabilidade de duas a três vezes maior do que o mercado tradicional está acostumado. Quem alugou também ganha, porque ao final do contrato ele recebe um veículo, é um aluguel com opção de compra. A gente acaba criando novos empregos, com o carro e a moto de fonte de pessoas que muitas vezes perderam o emprego.”
O empreendimento de certa forma reflete a jornada do fundador. “Eu tive poucas oportunidades na vida e um dos meus sonhos era dar oportunidade para as pessoas”, afirma Grillo; “Nossa cultura é de capitalismo consciente. Todos têm que ganhar, seja o investidor, os motoristas ou nossos funcionários”.
Em entrevista para o IstoÉ – Sua História, Bruno Grillo conta mais sobre a sua trajetória profissional e discute a jornada da empresa. Confira:
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