Remando contra a maré da cultura empresarial que impõe que funcionários sejam tratados de forma inferior e com uma remuneração abaixo ou menor do que o mercado sugere, o multiempresário Jorge Daher criou em 2015, a Bermudaria atacadista de streetwear, que conta com uma clientela de mais de 150 marcas. “Eu resolvi abrir a Bermudaria por conta própria , insatisfeito com o cenário que sempre presenciou na região do Brás, forte polo de concentração de vestuário de São Paulo polo  e no mercado em geral”, diz.

O trabalho com a produção de roupas era uma das certezas que Jorge Daher tinha sobre sua vida profissional quando parou os estudos no ensino superior e resolveu investir no ramo têxtil, mesmo sem muito capital e com sua família em uma situação financeira ruim. 

Inspirado no seu avô, ele começou a empreender no setor de roupas, e hoje está a frente de outras marcas como a Basyc, loja de varejo de roupas, Burger da Rua, hamburgueria underground que a cada 10 hambúrgueres vendidos doa 1, e a Dream Hunters Records, gravadora e produtora musical que o propósito é dar voz e liberdade para artistas que não tem oportunidades no meio.

Durante o tempo que passava na fábrica de roupas dos pais na infância, a dinâmica da relação entre empregador e funcionários na empresa da família no bairro do Brás e em geral o inquietava: “A cultura empresarial que se trabalhava antigamente era o que mais me incomodava. Eu sempre tive o sonho de fazer a minha própria cultura, a minha própria empresa e todo mundo estar ali feliz trabalhando”. 

Com o espírito de pensar no próximo e no propósito do que as empresas estão entregando para o mundo ou pessoas, o empreendedor revela que na hora de fazer negócio com outras empresas, uma das primeiras preocupações é filtrar o tipo de ação social em que seu prestador está envolvido: “Eu sempre trabalhei desde pequeno, sempre tive contato com a fábrica e a loja e eu via muitas coisas que me incomodavam, às vezes o jeito de falar, cobrar ou o salário do colaborador”.

Para ele, o sucesso empresarial não é somente produzir em grande escala, entregar roupas de qualidade e fornecer uma boa remuneração para seus colaboradores, mas também na “gestão humana”, do negócio e boas práticas da empresa para além do lucro. “Nunca olhei os meus negócios com uma mina de dinheiro, pelo contrário, mas como um canal de como melhorar o universo. Em todas essas empresas eu procuro sempre olhar pra cada uma delas e como é que as minhas empresas podem fazer alguma coisa que somem para o mundo de hoje?”, afirma. 

Outro ponto importante que o multiempresário se orgulha de contar é que nenhuma das suas empresas carrega um processo trabalhista nas costas. Uma das posturas adotadas para trazer mais qualidade de vida nas relações com seus funcionários é conversar com seus colaboradores para entendê-lo e buscar alternativas de ajuda para que suas questões não reflitam no seu rendimento: “Eu estou crescendo as minhas pessoas jurídicas e isso é reflexo das boas energias dos colaboradores”.

Quando a fábrica de roupas dos seus pais acabou fechando por questões financeiras, Jorge os trouxe para trabalhar em sua empresa com a sua cultura empresarial: “Meus pais viram que a Bermudaria estava dando certo e vieram trabalhar comigo”. 

Mais que lucro: o impacto na vida de outras pessoas 

Todas as suas empresas estão envolvidas em causas ou realizam algum tipo de contribuição social. Um exemplo disso é o Burger da Rua, que a cada 10 hambúrgueres vendidos 1 é doado para pessoas em situação de rua e projetos sociais. A ideia chegou em um dono de uma hamburgueria na região do Sul do Brasil, e que pediu para reproduzir a ação no seu estabelecimento. Já na fábrica e loja de roupas, ele doa peças e, por fim, na gravadora e produtora musical não é cobrado nada dos artistas que querem produzir suas músicas.

Para Jorge, das histórias que guarda nesses quase 10 anos de Bermudaria está a de um dos seus clientes, que passou a empreender no ramo têxtil com a ajuda, explica. “Ele queria comprar e não tinha dinheiro. Olhei para ele e vi que ele estava com sangue no olho e perguntei o que ele queria. Dei 5 grades (peças de roupas de modelos e tamanhos diferentes) e fiz um vale para ele me pagar depois. Na semana seguinte, ele voltava na minha loja, pegava o dobro de peças e pagava o vale”, lembra. 

Depois de dois anos vendendo para desconhecidos mais de 200 grades, o cliente que vendia seu produto em uma lona exposta na rua. “Ele começou a vender roupas em atacado e agora ele tem sua loja física”, ressalta. Mesmo assim o cliente segue comprando com Jorge em condições especiais, um modelo de pagamento estendido para pelo menos 20 clientes, segundo o multiempresário. 

Sempre atrelando negócios e a causa social, Jorge deu início a um novo projeto em que ele recolhe plásticos de praias inacessíveis, assim foi criado este ano a Plastic Hunters. Outra frente é criar uma cozinha de produção para as doações feitas no Burger Da Rua somente com pessoas ressocializadas: “Pegar pessoas que estão em vulnerabilidade na rua, adaptar essas pessoas para o mercado de trabalho, ensinando elas a trabalhar na cozinha, assim conseguimos fazer uma ressocialização saudável”.  

A ideia não é apenas proporcionar uma oportunidade de emprego para este grupo, mas disseminar a consciência de que o trabalho deles irá ajudar  outras pessoas que estavam na mesma condição que um dia elas se encontraram. 

Jorge lembra que nada disso seria possível sem amigos e sócios de sua extrema confiança! Assim como no Burger da Rua estão junto com ele Antônio Costa e Vitor Miranda. Já na Basyc está o seu irmão Jean Daher. A Dream Hunters o seu produtor e sócio Arthur Formon. E, por fim, na Plastic Hunters o seu melhor amigo e proprietário da marina, Hifly Olivier Grossi.

Confira a entrevista completa de Jorge Daher em IstoÉ – Sua História:

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