Chileno Gomez é aquele tipo de empresário que já fez de tudo um pouco. É autor, empreendedor, lutador e psicanalista, além de ser formado em teologia e filosofia. Com o sucesso profissional conquistado, principalmente com sua empresa de segurança que existe há mais de 20 anos, Chileno agora volta seu trabalho para o atendimento psicanalítico, com grande foco em superdotados, adolescentes e mulheres vitimas de narcisistas.

Natural da cidade de São Paulo, Chileno, cujo nome verdadeiro é Marcus Maurício Corrêa Gomez, nasceu em uma família extremamente religiosa, o que influenciou sua formação anos depois. “Aprendi a ler, em casa, com cinco anos. Queria ler a Bíblia, porque via meu pai lendo. Meu pai é pastor evangélico há 30 anos. Com 10, eu já havia lido a Bíblia de capa a capa. A teologia entrou muito cedo em minha vida, e é uma das minhas formações”, explica.

Sua vivência profissional também começou cedo. Chileno queria trabalhar e, aos 13 anos, começou a auxiliar seu pai, que era diretor da uma montadora de automóveis, em assuntos relacionados a seguros. Aos 16, quis começar um negócio próprio e por isso foi emancipado legalmente. Criou então sua primeira empresa, uma corretora de seguros. Aos 19, essa primeira tentativa resultou em uma quebra devido a maus investimentos, o que levou Chileno a sair de Santos (SP), onde morava com sua família, e se mudar para São Paulo, capital. 

Em nova empreitada, Chileno se viu sozinho na cidade grande e chegou a manter três empregos de forma simultânea para sobreviver. “De manhã eu trabalhava com seguro, tentava vender, mas não conseguia, pois não conhecia ninguém. Depois consegui emprego em um shopping, e a noite trabalhava como segurança de forró ‘risca-faca’”, detalha. Na época, conheceu sua atual esposa, Cláudia, e a família dela ajudava Chileno como podia. “Foi uma época bem difícil”, relata.

O empresário relata que, quando seu negócio de seguros começou a alavancar, quis sair do trabalho noturno como segurança, o que foi notado pelo dono de uma das casas noturnas em que atuava. “Quando saí do forró, os donos notaram que as coisas ficaram mais atrapalhadas, porque eu ajudava a resolver muita coisa […] Eles começaram então a me chamar para shows grandes, me pagavam uma grana melhor, e eu coordenava tudo”, conta. Em determinado momento, o proprietário de uma das casas noturnas ofereceu a liderança da segurança do local para Chileno. “Montei minha equipe e assumi a casa. E arrumei tudo muito bem, pois tive autonomia de verdade”, revela. 

Quando a qualidade de seu trabalho começou a ficar conhecida, ele começou a ser solicitado para outras festas. “De repente, quando eu vi, estava ganhando muito mais dinheiro com a segurança do que com a corretora. Aí abri mão dela e fiquei só com a segurança, isso já faz 24 anos”, diz. Atualmente, a empresa GFG Segurança ainda atua na área de forma bem sucedida, mas Chileno continuou seu desenvolvimento pessoal, apesar do sucesso profissional, e expandiu sua atuação.

Estudo e desenvolvimento pessoal

Chileno é formado nos cursos de filosofia e teologia, ambos pela Universidade Cruzeiro do Sul, além de ter sido professor palestrante na instituição. Também é pós-graduado nos cursos de Filosofia e Ciências Políticas, ambos pela PUC-RS. Até que se aproximou da psicanálise, área onde atua mais fortemente atualmente. “Conheci um cara que era filósofo de Freud e hoje é muito meu amigo e meu sócio, o Luiz Fernando Garcia. Ele é um psicólogo referência no Brasil, lida com grandes empresários”, conta. O profissional então foi incentivado a fazer um curso de especialização em psicanálise, e hoje atua em clínica. “Fiz minha primeira formação de psicanalista com ele e depois fui estudar no Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica, onde fui convidado para ser professor, tenho vários artigos publicados pelos Instituto”, conta.

Para ele, sua boa relação com o estudo se deve ao seu alto nível de QI (quociente intelectual). “Sou o que é considerado superdotado. Acima de 120 pontos é considerado de altas habilidades, acima de 130 é considerado superdotado. Eu tenho 140 pontos. Faço parte de uma associação europeia chamada IIS, Infinity International Association, que tem poucos brasileiros. Tanto eu quanto meus filhos somos superdotados”, conta Chileno, que tem dois filhos, de 7 anos e 11 anos. 

Por conta disso, uma das áreas de atuação clínica do profissional é com superdotados. “Estive em uma reunião com uma universidade nos Estados Unidos chamada Logos University que está fazendo um estudo com superdotados, então estou sendo estudado”, conta. “Sou especializado em adolescentes superdotados e em mulheres vítimas de narcisismo. São os três nichos que eu atuo muito forte no meu consultório. E pra mim é um amor, eu faço realmente por amor, porque vivo das minhas empresas, eu não precisaria, não é uma renda que eu preciso, mas eu gosto, faço por prazer”, atesta. 

O profissional explica que, atualmente, o que identifica uma pessoa superdotada é um teste neuropsicológico, que inclui o teste de QI e também outros testes. “Essa avaliação não dá apenas seu QI, ela dá um raio x da sua psique […]. É uma avaliação geralmente muito completa”, diz. Chileno explica que nem sempre um alto QI é sinônimo de sucesso profissional ou pessoal. “Existem caras gênios, que tem QI de 140, 145, mas ainda moram com a mãe, vivem em subemprego, não conseguem ter um relacionamento, não conseguem se dar bem no trabalho. Porque isso exige outro tipo de inteligência”, detalha.

De acordo com seus relatos, os superdotados podem sofrer de problemas sociais por se sentirem deslocados no mundo, o que faz com que a terapia se torne ainda mais necessária. “Eles podem ter problemas sociais fortes, serem desencaixados do mundo. É difícil formar vínculos de amizade, porque as conversas não batem. Muitos são ansiosos, e acabam ficando um pouco agressivos. A paciência é curta”, explica.

Outro aspecto importante na vida de Chileno é o esporte. O profissional conta que foi lutador de boxe por 20 anos, além de também lutar jiu-jitsu e MMA. “Muitos lutadores do UFC, caras top do mundo como Shogun, Demian Maia, Danilo Marques, Daniel Sarafian, Maldonado, eu era sparring de todos esses caras”, detalha. “Para mim, esporte nunca foi hobby, eu sempre trabalhei como segurança, sou ansioso, compulsivo, até mesmo pela superdotação. E o esporte me acalma. Por isso, sempre foi parte da minha rotina”, revela. 

Literatura e filosofia

Chileno também é autor do livro “O Deus da Filosofia”, pela editora Literate Books, um livro que aborda diferentes visões filosóficas sobre a existência de um Deus. “Esse é meu best-seller”, conta. Já o livro ‘Histórias Importantes Demais para Ficar no Anonimato’, também da editora Literate Books, é uma coletânea que possui dez co-autores. Chileno atuou na parte editorial da obra. “São dez capítulos totalmente diferentes um do outro. Como sou coordenador editorial, o texto da contracapa, o texto de orelha, o prefácio e o primeiro capítulo são meus”, explica. 

O autor diz que a segunda obra, ‘Histórias Importantes Demais para Ficar no Anonimato’, foi desafiadora, pois era preciso sumarizar um livro com textos muito distintos: “Quando me pediram pra escrever o prefácio, para fazer o texto da contracapa, explicando o que era o livro, foi um desafio grande para mim”, diz. Para a tarefa, Chileno conta que emprestou um pensamento de seu filósofo favorito, Friedrich Nietzsche. “Na contracapa, começo com uma frase dele que diz: ‘Dentro de mim há uma multidão. Há um velho, há um sábio, há uma criança, há um tolo. E, ao sentar-se na mesa comigo, você nunca saberá com quem você está falando. Porém, te prometo uma coisa. Eu te entregarei cem por cento de quem eu serei naquele momento, até que eu seja outro’”, detalha. 

Ainda sobre suas obras, Chileno conta que está escrevendo um livro infantil com seus filhos. “Quando meu filho fez dez anos, perguntei o que ele queria de presente. Ele disse: ‘Pai, quero escrever um livro com você’”, relembra. “Estamos escrevendo então um livro de mitologia grega para crianças. E meu outro filho não quis escrever, mas ele vai fazer as ilustrações do livro”, explica. O plano é lançar a obra, que ainda não tem nome, na Bienal do Livro, que acontece em setembro deste ano, em São Paulo. 

Em conversa com o IstoÉ Sua História, Chileno Gomez dá mais detalhes de sua vida, obra e planos para o futuro. Confira:

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