Ser pai na adolescência é um desafio que pode afetar toda a trajetória profissional de uma pessoa – que precisa direcionar prioritariamente seus esforços para o sustento da família. Este foi o caso do advogado e empreendedor Rodrigo Rodrigues, que se viu nessa situação bastante jovem, mas que encontrou seu caminho na carreira jurídica – a ponto de atualmente não apenas atuar na área de direito imobiliário, mas também de administrar um conjunto de empresas, que inclui desde corretoras de seguros até startups voltadas ao setor de condomínios. 

“Acho que foi o Direito que me escolheu”, afirma Rodrigues. Ele conta que ser pai aos 15 anos, tendo já que se preocupar em sustentar sua nova família, foi o fator que o impulsionou para ter uma carreira bem-sucedida. “Quando você se torna pai jovem, você passa a ter compromissos de adulto ainda sendo um menino. É necessário engatar mais uma marcha, acelerar um pouco mais, e estabelecer algumas prioridades – e a primeira é a de sustentar sua família. A escolha de uma profissão veio depois, primeiro era necessário sobreviver”, afirma.

Essa escolha surgiu por meio do escritório de advocacia em que sua mãe era sócia – no qual ele passou a trabalhar como um “faz-tudo”: “Eu atendia ao telefone, servia café, enfim, ajudava no que podia, ganhando muito pouco. Por estar dentro de um escritório de advocacia, foi natural que me aproximasse do Direito. Então chega o momento de escolher uma faculdade. Acabei decidindo pelo Direito, pela maior proximidade que eu tinha com essa área”, conta. Nesse mesmo período Rodrigues tem um segundo filho a caminho. “Com 18 anos eu tinha dois filhos, uma esposa e uma faculdade para iniciar. Eu não tive o benefício de nascer em um berço próspero ou algo assim. Tivemos de suar bastante para vencer.”

Essa disposição de lutar para subir na vida fez com que Rodrigues se aplicasse aos estudos. “Eu era um aluno mediano, mas estava muito empenhado no cotidiano jurídico. Lia tudo que caía em minhas mãos.  Eu recebia os boletins da Associação dos Advogados de São Paulo e do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, e lia tudo de capa a capa. Inclusive sobre áreas nas quais o escritório não atuava. Quando me formei, eu sabia que tinha de passar logo no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e começar na profissão”, lembra.

Nessa época, sua mãe deixou a sociedade do escritório em que estava e inicia sua própria – e ele passa a ser seu sócio. E aí começa a grande virada de sua vida profissional. “Foi bastante desafiador. Quando você tem um escritório pequeno, a concorrência é muito grande. Você acaba fazendo de tudo um pouco. Assim, atendemos a muitos casos de direito imobiliário, mas também atuamos com direito trabalhista, com direito de família – enfim, o que aparecesse.” 

Esse período fez com que Rodrigues somasse seu conhecimento teórico a uma forte experiência prática, o que permitia visualizar possíveis soluções a seus clientes assim que eles contassem seu caso. “Aos 24, 25 anos, eu fui adquirindo um feeling. Eu não precisava copiar modelos de peças processuais, eu já havia entendido o problema e desenvolvia a peça a partir desse entendimento. E isso foi me dando uma habilidade diferenciada, que passou a ser reconhecida pelos clientes”, afirma.

Um ecossistema corporativo

O profundo conhecimento adquirido, especialmente na área do direito imobiliário, e a estabilidade trazida por sua atividade profissional, fez com que Rodrigues começasse a pensar em novos voos. A partir desse momento, passa os próximos anos desenvolvendo empresas que, se por um lado não se confundem com a sua atividade de advogado, por outro são complementares ao tratarem de temas relacionados à área. “Por vir de uma família que sempre se dedicou aos negócios, eu sempre gostei de empreender. Então eu comecei a me arriscar em outras atividades que não apenas o direito – e iniciar a criação do que é hoje um ecossistema corporativo, que atua em diversos segmentos”, pontua.

A primeira preocupação de Rodrigues foi o de separar a sua atividade como advogado de sua atuação empresarial. “A advocacia tem que ser apartada dos outros negócios, para que ela não se torne um instrumento mercantil. O código de ética da OAB é muito rigoroso com isso. Assim, há um CNPJ específico, que é a Rodrigues Uchôa Sociedade de Advogados – um escritório que atua em todo o território nacional, e cuja sede está fora de nosso prédio corporativo.“

Já a parte corporativa das atividades de Rodrigues tem como carro-chefe a Grupo Rodrigues Solutions Administração, que é uma empresa de administração de propriedades imobiliárias, com atuação bastante concentrada na área de condomínios. As demais incluem a Atentu Seguros, uma startup de corretagem de seguros; a Achar Imóvel; a GR Solutions Seguros; a GR Solutions Arquitetura e Urbanismo; e a mais recente, a CondPay Cobranças, outra startup, voltada a fornecer tecnologia para administração condominial. “Tudo isso foi construído dia após dia, mês após mês, ano após ano. Todos os negócios estão, de alguma maneira, ligados; eles se complementam”, afirma. 

Essa jornada pelo lado corporativo também apresentou seus desafios. “A primeira grande dificuldade que eu tive foi a de ‘virar a chave’, de aprender a precificar o meu produto, que é meu intelecto, a minha hora de trabalho e tudo mais. Chega um momento em que você começa a se valorizar; está ainda na série D, mas tem que vestir a camisa de primeira divisão. Nos primeiros meses em que se adota essa postura você perde tudo, ou quase tudo. Mas aí as pessoas começam a te valorizar”, lembra.

Houve ainda desafios de ordem material – no caso, uma enchente que inundou o escritório anos atrás. “Perdemos tudo. Eu lembro que todos os computadores ficavam em bases no chão – e a água subiu exatamente à altura em que eles estavam. Ali foi muito desafiador reconstruir.” Por fim, Rodrigues menciona que atualmente o grande desafio seria “sobreviver ao mercado feroz”, “Nós temos um mercado feroz, um regime tributário feroz, nós temos regras ferozes. Para se poder empreender neste país, a pessoa tem que ser um herói, tem que ter muita garra”, avalia.

Além disso, Rodrigues lembra das dificuldades trazidas pela pandemia da Covid-19. “Não estávamos prontos para trabalhar em regime de home office. Desenvolvemos um aplicativo de assembleias virtuais quando ainda não se falava disso, e trabalhamos duro com as equipes de tecnologia da informação das administradoras. Acabamos conseguindo, e a partir daí passamos a questionar a necessidade de se ter uma sede física.” 

Comunicador e escritor

Além de se dividir entre as atividades do escritório de advocacia e das suas empresas, Rodrigues ainda ministra cursos e palestras sobre direito condominial, e chegou a ter um programa de rádio no qual respondia ao vivo a dúvidas dos ouvintes sobre o assunto. Ele também é autor de diversos trabalhos jurídicos. “Estou prestes a lançar um manual sobre direito condominial. Eu pego mais de 20 anos de experiência jurídica de quem passou por todos os desafios da área, todo o conhecimento espalhado em diversos artigos, e concentro nesse livro. Ele trata desde o nascimento jurídico de um condomínio até seu encerramento, e tudo o que acontece no meio do caminho”, revela.

Em entrevista ao IstoÉ – Sua História, Rodrigo Rodrigues compartilha sua trajetória. Confira o papo na íntegra:

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