A fazendeira Lídia Maria de Souza, de 86 anos, é referência de força e determinação para as mulheres brasileiras. A sua capacidade de enfrentar desafios e transformar adversidades em oportunidades e realização é o lema de sua neta, a especialista em agronegócio, Katerine Rios, e das mulheres de sua família. 

Lídia Maria, empresária do agronegócio, plantou o primeiro pé de soja, arroz e milho na cidade de Barreiras, na região oeste da Bahia, se tornando a partir disso um dos grandes nomes do agronegócio feminino do estado. Ela conta que desde criança ajudava sua mãe na roça e que, no dia a dia trabalhando, acabou cultivando uma semente: o amor pela terra. 

“Eu trabalhava junto com a minha mãe, arando a terra, plantando, e ensinava os bois a virar, mudar de direção. Todas essas coisas passaram por mim. Hoje, eu continuo na roça, não somente com a plantação, mas também tomo conta de tudo”, conta.

A vida com a terra e o espírito desbravador levaram dona Lídia Maria do Rio Grande do Sul para outro estado em busca de solo tido como improdutivo para começar a plantar. Junto com um de seus filhos, ela deu início ao cultivo de soja, com o intuito de gerar renda, mas, sem a pretensão de conquistar tudo o que tem hoje. Ou seja, as suas duas fazendas, uma na Bahia e outra no Maranhão.  

Lídia Maria tampouco imaginava que o pequeno povoado no interior da Bahia se transformaria em um polo do agronegócio e que todo seu esforço mudaria a vida dos habitantes daquele lugar. Ela e o marido, hoje falecido, hospedaram e acolheram várias famílias que vieram da região sul do Brasil para trabalhar com plantio.  “Eu fui a primeira fornecedora da Bunge”, relembra dona Lídia, citando a empresa global de agronegócio, alimentos e ingredientes para nutrição animal.

Antes dos dias de glória, porém, ela conta que tinha dias que comia uma canjiquinha para se alimentar, e que chegou a dormir debaixo de lona e árvores, com os filhos, para poder trabalhar no campo. 

Sua família, além de propulsora do agronegócio na região, é responsável por fundar, em 2004, a ‘Bahia Farm Show’, considerada a maior feira de tecnologia agrícola da região Norte e Nordeste, sendo a segunda maior do País, atrás da Agrishow, evento internacional do mesmo segmento. 

Aos 87 anos, a fazendeira segue cuidando dos seus negócios, arrendando  terras, criando gado, vendendo áreas e comprando fazendas para plantio. “Eu não tive estudo, mas tive a terra. Eu amo a terra”, vibra.  A palavra aposentadoria não está nos seus planos.

O fruto não cai longe do pé

Determinação, capacidade de enfrentamento e realização são marcas da família. As gerações se sucedem e as mulheres se projetam ainda mais, fazendo acontecer. Com visão de futuro e desempenho destacado, a administradora Katerine Rios, neta de Lídia Maria, é a fiel tradução desse protagonismo diferenciado.

Ela, que já foi vereadora, secretária de governo e vice-prefeita de Luís Eduardo Magalhães, abriu mão da bem sucedida trajetória política para trabalhar com o agronegócio. “Em 2021, eu aceitei o convite do meu sócio de tocar um instituto de educação e uma consultoria para a gente trazer soluções inovadoras para os produtores rurais, começando a trabalhar com eles a questão da governança e da sucessão”, conta.  

Apesar ter crescido no berço do agronegócio e ter seguido profissionalmente um caminho na contra mão dos negócios de família por não se ver no nesse mercado, hoje ela usa toda sua dedicação, conhecimento acadêmico e matriarcal, digamos assim, para ajudar a sanar os problemas de produtores rurais e do setor.  

“Eu nunca imaginei estar atuando no agro apesar da convivência do dia a dia. Ouvindo as histórias da minha avó, da minha mãe, da minha família, os desafios, as dores, os dissabores, a indústria a céu aberto que você tem que rezar para chover e rezar para parar de chover, o sofrimento que é o campo, eu nunca pensei em atuar diretamente na área. Sempre ouvi que eu precisava ser uma doutora“, revela Katerine.

Dessa forma, resolveu estudar administração, e agora usa o conhecimento obtido com o ensino superior, no desenvolvimento do agronegócio da região oeste da Bahia. “Cada geração vem com a sua atribuição, uns diretamente ligado ao campo e outros, assim como eu, trabalhando, empreendendo pelo mundo e levando um pouquinho de conhecimento e educação”, ressalta. 

Hoje, ela é sócia do Instituto Washington Pimentel, único instituto de educação do Brasil com foco 100% no agronegócio. Com a gestão de mais de 500 mil hectares, o órgão oferece imersão no agro, formação executiva, assessoria de gestores e líderes, formação para magistrados para que eles possam conhecer melhor o ecossistema e atuar de forma mais assertiva nas causas relacionadas ao setor.

A especialista vem plantando e colhendo resultados significativos. Das histórias em que ela teve o papel principal está a situação de uma mulher com dois filhos, que ficou viúva do dia para a noite, perdeu a sua fazenda e praticamente única fonte de renda da família.  “O marido morreu no campo e ela se viu com dois filhos e ela teve que tomar as rédeas e passar todos os perrengues possíveis. E aí ela chegou com uma dívida para gente poder ajudar e auxiliar a negociar. Então nós conseguimos reestruturar a dívida e hoje ela continua na terra com os seus dois filhos, trabalhando e sobrevivendo. Esta é a grande missão que nós temos na vida“, frisa. 

A saída da “zona de conforto” tem sido fundamental para Katerine em sua transição de carreira. Atualmente, a empresária figura entre os nomes femininos que tocam e fortalecem o agronegócio da Bahia. “Esse desafio que eu assumi de sair da carreira pública e voltar exclusivamente para o agronegócio tem trazido uma realização muito grande”, enxerga. 

Mais que números, a CEO, que esbanja fome de propósito em sua atuação, deseja entregar, cada vez mais, qualidade, incentivo e desenvolvimento econômico para o agronegócio.  

Confira a entrevista completa de Lídia Maria e Katerine Rios em IstoÉ – Sua História:

 

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