No ano 2000, o escritório Nogueira e Barros iniciou suas atividades em Januária, cidade localizada na região do rio São Francisco, no norte de Minas Gerais. Para seu fundador, Auro Nogueira de Barros, este foi um marco: após mais de uma década longe de sua cidade natal, e atuando em diversas atividades, ele se tornou especialista em direito previdenciário. Duas décadas depois, outro marco em sua trajetória levou o advogado a investir em atividades que reforcem a cultura do empreendedorismo no país. 

Barros conta que sua infância foi bastante desafiadora, dada a situação de pobreza de Januária na década de 1970. Ele conta que estudava lá mesmo, em condições precárias, até passar a frequentar, aos dez anos, uma escola na cidade vizinha de Montalvânia. “Eu pegava um cavalo todos os dias e andava sete quilômetros debaixo de sol ou de chuva. Fiz esse trajeto por quatro anos, sozinho ou acompanhado de meus irmãos”, afirma. Em 1986 ele passou no exame para estudar na Escola Agrotécnica Federal de Januária, mas essa fase não durou muito. “Quando eu era adolescente, eu tinha uma revolta dentro de mim que não sei explicar; e fui expulso da Escola Agrotécnica Federal de Januária em 1987 por mau comportamento. Fui então para a Escola Agrotécnica Federal de Machado, no sul de Minas, e depois fiz um estágio na Coopercana, em Sertãozinho (SP)”, diz. 

Aos 18 anos, Barros resolveu buscar oportunidades de trabalho melhores em outras regiões do país. Passou por uma usina de cana-de-açúcar e pela construção civil em Ribeirão Preto (SP), prosseguiu nessa última atividade em Londrina (PR) e trabalhou nas obras do shopping center West Plaza, na capital paulista. E começou a fazer um curso como técnico de segurança do trabalho, o que o levou a trabalhar na cervejaria Brahma.

“Este foi um dos pontos de inflexão que eu tive na minha vida. Por quê? Depois que eu comecei esse curso de técnico de segurança do trabalho, pensei em fazer Direito. Um dia fui falar para o meu chefe, lá da Brahma, que pretendia seguir nessa carreira. Ele me perguntou ‘quantos administradores de empresa temos aqui na Brahma?’ Eu falei que eram mais ou menos uns 400. ‘E quantos advogados?’ Eu respondi que não havia nenhum. Na avaliação desse meu chefe, se eu fizesse Direito teria um risco muito grande de não ter sucesso nessa área. Mas eu sabia contar histórias; tinha certeza que teria sucesso nessa carreira. Então, com a cara e a coragem, decidi cursar Direito na Universidade Brás Cubas, em Mogi das Cruzes (SP)”, conta.

Sem recursos para pagar o transporte para a universidade, Barros caminhava nos trilhos da rede ferroviária, correndo risco de atropelamento. Mais tarde se transferiria para a FMU, faculdade na qual concluiu o curso em 1998. Mas, a essa altura, havia chegado ao seu limite: “Eu já estava em São Paulo há dez anos e, apesar da experiência que eu adquiri nesse período, cheguei a um ponto que não suportava mais viver lá – e voltei a Januária. E lá comecei a advogar em 2000.”

Foco na área previdenciária

Foi então que Barros recebeu uma série de processos de um amigo; como não iria mais atuar nessa área, passou a ele. “Passei a tratar de causas envolvendo a área previdenciária, pagamento de pensões alimentícias e investigação de paternidade. Aprendi muito sobre direito previdenciário ao assistir ao procurador do INSS [Instituto Nacional do Seguro Social] lá em Januária”, lembra.

Com o tempo, a reputação de Barros foi se consolidando. Em 2009 ele criou e registrou a Sociedade de Advogados Nogueira e Barros Advogados Associados, com sede própria no centro de Januária. Mas essa trajetória também teve seus desafios. “Quebrei várias vezes, tive de tomar empréstimos de agiotas. No Direito você não aprende a gerenciar os negócios – e eu tive de aprender a duras penas ao longo do tempo!” Atualmente o escritório estende suas atividades também aos municípios de Montalvânia, Manga e Itacarambi – todos no norte do estado, na região da divisa de Minas Gerais com a Bahia. 

Nessas duas décadas, Barros também buscou se aperfeiçoar, tendo feito pós-graduação em Direito Administrativo nas Faculdades Santo Agostinho, na cidade mineira de Montes Claros, além de cursos em Belo Horizonte e São Paulo. 

Nova fase

Em 2023, Barros participou de um evento de imersão, no qual os empresários e empreendedores Flávio Augusto, Joel Jota e Caio Carneiro compartilharam formas de fazer frente aos desafios e oportunidades nos negócios. “No final do evento foi criado um grupo de WhatsApp para fazer network. Eu aceitei entrar na hora! Depois fiquei inseguro – o que iria fazer lá, entre milionários e bilionários? Cheguei a pedir para tirar minha inscrição, mas acabei entrando. E descobri que lá o que importava não era o dinheiro, mas os valores – e que eles são pessoas comuns, iguais a você. E descobri que todo ser humano, seja mendigo ou bilionário, enfrenta desafios todos os dias”, afirma.

A partir daí, Barros sentiu-se mais à vontade para colocar em prática alguns de seus projetos voltados a ajudar as pessoas por meio do empreendedorismo. Um deles se materializou no livro Brasil: O Melhor País do Mundo para Viver e Empreender. Outro foi a criação do Instituto Nacional Brasileiro de Desenvolvimento Humano Sustentável, Social e Político (INBDS), voltado à defesa de direitos sociais – e que chegou a entrar com uma ação contra a Vale pela recuperação de um trecho do rio São Francisco afetado pelo rompimento da barragem da mineradora em Brumadinho, em 2019. Além disso, Barros também criou uma franquia de prestação de serviços, a Brasil Digital Serviços, que atua como despachante documentalista, e pretende escrever um livro com orientações para empreendedores.

Em entrevista ao IstoÉ – Sua História, Auro Nogueira de Barros conta um pouco de sua trajetória. Confira o papo na íntegra:

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