Afirmar que a tecnologia está presente de forma intensa no dia a dia das pessoas é um lugar-comum; contudo, a infraestrutura de soluções técnicas que possibilita seu funcionamento nem sempre é percebida por seus beneficiários. Criado por Miller Augusto, o Grupo Ivy é uma multinacional brasileira que se especializou no desenvolvimento e na consultoria de soluções tecnológicas, como uma powerhouse que atende a uma grande gama de clientes de diferentes setores da economia – incluindo empresas globais que atuam no país.

A trajetória do Grupo Ivy teve início com o interesse de Augusto pela tecnologia, ainda na adolescência. Formado em Automação e com conhecimentos já extensos em programação de computadores, ele atuou na Delphi Automotive Systems e na Embraer. “Quando as pessoas me perguntam quando eu comecei a olhar para a tecnologia, eu respondo que na verdade foi a tecnologia que olhou para mim; ela ficava tanto ali na minha frente que eu acabei indo por essa direção”, afirma. 

Portador da Síndrome de Asperger, que é uma condição neurológica do Transtorno do Espectro Autista (TEA), Augusto diferencia-se com sua determinação e esforço. As experiências acumuladas mostram como ele avançou na área. “Na Delphi atuei muito com cablagem, que é a parte elétrica dos automóveis; lá eu participava do desenvolvimento de projetos que envolvia tanto programação quanto robótica. Acabei me destacando, e fui chamado pela Embraer para atuar tanto em cablagem quanto em processos de planejamento, programação e controle de produção (PPCP), trabalhando em soluções para automatizar atividades para o setor aeronáutico”, conta. 

A hora de empreender

O conhecimento e experiência acumulados convenceram Augusto que era o momento de ter um negócio próprio. No dia em que ele pediu demissão e foi contar sobre sua decisão à esposa, descobriu que ela estava grávida do primeiro filho do casal. “Meu negócio inicial por conta própria foi na clínica em que ele nasceu. Quando eu cheguei e vi que o atendimento era confuso, fiz uma permuta com eles para sistematizar os processos deles. Foi a alternativa que eu tinha naquela hora”, lembra. 

O surgimento da Ivy aconteceu em 2009. Inicialmente a empresa era voltada apenas ao desenvolvimento de software. “Era como se eu fosse um empreiteiro de obra, que olhava a parede, dizia quanto tempo iria levar o trabalho e entregava o orçamento. O escopo mudava muito. Então passei a atuar como consultor e desenvolvedor de soluções que dessem suporte aos negócios dos clientes.” 

Ele conta que desde o início valorizava os colaboradores com mais experiência no mercado – contrariando a tendência do mercado de tecnologia, que tende a contratar majoritariamente mão de obra mais jovem. “Foi daí que veio o primeiro nome da empresa, Ivory [marfim, em inglês]. Era uma maneira de fazer referência aos elefantes e suas características como: a força que vem com a maturidade, valores como família e respeito aos mais velhos neles demonstrada pelo tamanho das presas de marfim”, conta, acrescentando que depois o nome seria simplificado para Ivy.

Com o tempo, Augusto também percebeu que não era possível continuar mantendo um papel muito direto no dia a dia administrativo do negócio. “Em uma ocasião tive questões familiares que me afastaram um pouco das atividades, e a empresa se desestabilizou. Isso para mim foi um grande trauma. Então, percebi que precisava melhorar meu processo de governança. A primeira medida que eu adotei foi dividir a Ivy em unidades de negócios. Assim era possível ter responsáveis por cada uma delas, incluindo tanto especialistas em negócios quanto técnicos”, conta. 

Desse modo, a empresa se tornou a Ivy Group Holding S.A., que reúne soluções apoiadas em tecnologia para os segmentos de outsourcing e terceirização de squads, desenvolvimento de softwares em nuvem para web e celulares, engenharia de confiabilidade do site (SRE, na sigla em inglês, que envolve a automatização da infraestrutura de TI), Banking as a Service (BaaS, que possibilita a digitalização de processos financeiros), Software as a Service (Saas, voltado à oferta de softwares por meio da internet como um serviço) e soluções de cibersegurança – um mercado em alta, no qual o grupo aposta em sua experiência com players relevantes do mercado. Além disso, a partir dos fluxos internos da holding, Augusto compartilha, junto ao seu time de líderes, consultorias em gestão, recursos humanos e estratégia de crescimento.

Atualmente presente em São Paulo, Alphaville de Barueri e São José dos Campos, e em Santa Rita do Sapucaí, em Minas Gerais, a empresa tem uma carteira de cerca de 300 clientes.

Legado sustentável

A preocupação em desenvolver soluções cada vez mais eficazes para seus clientes não dispensa a atenção do Grupo Ivy em seguir padrões elevados de atuação, com destaque para critérios ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês). Augusto conta que, no que se refere ao meio ambiente, a empresa tem se voltado ao investimento em startups que impactam a natureza com otimização de recursos. “Somos uma empresa de tecnologia; não consigo economizar no consumo de plástico, por exemplo, porque o nosso produto é digital. Então, optamos por investir nessas startups, e assim ter uma contribuição indireta”, informa. 

A fim de estimular a inovação, o Grupo Ivy lançou recentemente o Banco de Incentivos da Amazônia (BIA), primeiro banco digital da região amazônica. A ideia é proporcionar acesso a serviços bancários para os empreendedores locais – que poderão efetuar transações com mais agilidade, em seus computadores e celulares, impulsionando seus negócios com eficiência. Além de manter a circulação financeira na região, uma vez que o banco tem sede no Amapá.

Outras iniciativas nesse sentido envolvem o estabelecimento de uma unidade de BaaS em parceria com uma instituição bancária paulista, para acelerar iniciativas relacionadas à energia renovável e bioeconomia. “Há muitas oportunidades para também fomentar o mercado de créditos de carbono e iniciativas nesse sentido”, complementa.

Essa visão ESG também se revela na força de trabalho do Grupo Ivy, por meio da promoção da diversidade. “Todos os setores que envolvem engenharia são majoritariamente masculinos – mas isso está mudando. Nós crescemos cerca de 200% em termos de incorporação de mulheres nas equipes nos últimos dois anos, a ponto de hoje termos uma significativa participação feminina no Grupo Ivy, inclusive na liderança. Essa postura levou a empresa a conquistar em maio de 2023 o certificado emitido pela entidade Great Place to Work (GPTW) como uma das melhores empresas para se trabalhar no Brasil”, afirma. 

“Sempre tivemos um turnover baixo; estamos muito abaixo da média do mercado. Porém, eu não conseguia trabalhar um plano de desenvolvimento de carreira satisfatório. Quando passamos de 200 colaboradores, vimos que aquela cultura do ‘mestre’ que ensina os novatos não funcionava mais”, complementa.

Essa necessidade se uniu à melhoria da governança da empresa por meio da criação de cadeias de comando mais eficazes. Por isso, foram feitos esforços no sentido de reestruturar a marca da empresa e tangibilizar mais perspectivas aos colaboradores e clientes. “Simplificamos nosso nome para Ivy, para tornar esse arranjo mais estruturado e alinhado com nossos planos de expansão global”, relata. 

De olho no futuro

Augusto conta que o Grupo Ivy continuará buscando se diferenciar por meio de soluções personalizadas e realmente eficazes para seus clientes. E observa com atenção as tendências que têm surgido nos últimos tempos – como é o caso da inteligência artificial (IA): “Hoje está todo mundo olhando para a IA. Temos cases com inteligência artificial voltados a dados, a machine learning, aquela inteligência mais artificial. E hoje já dispomos de projetos implantados dentro de clientes com soluções de LLM [sigla em inglês para grandes modelos de aprendizagem que são pré-treinados em grandes quantidades de dados], voltados à comunicação de setores administrativos e consulta de informações em bancos de dados”.

Ele conta que uma iniciativa voltada à cibersegurança, por meio de análise de comportamentos e de operações, para detectar possíveis tentativas de fraude, está em fase final de estudos, devendo ser lançada ainda neste ano.

Para ele, a tecnologia de IA deve crescer no mercado em duas ondas; a atual é a de desenvolvimento de diversas soluções baseadas nesse modelo. “Há muita vontade de sair na frente com novas soluções, e isso acarreta o surgimento de problemas que, em uma segunda fase, terão de ser corrigidos em termos de infraestrutura tecnológica e cibersegurança”, avalia.

Em entrevista ao IstoÉ – Sua História, Miller Augusto compartilha sua trajetória à frente do Grupo Ivy. Confira o papo na íntegra:

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