A jornada de Rafael Correa é repleta de altos e baixos. Fundador da agência de marketing digital Anúncio do Bairro e da software house Volte Sempre, o empresário buscou incessantemente seu lugar no competitivo mercado empreendedor. Depois de experiências de fracasso com empreendimentos anteriores, sua determinação e capacidade de adaptação o levaram a criar as duas marcas que se estabeleceram no cenário paulistano de tecnologia e marketing. Agora, o Anúncio do Bairro se expande através de vendas de franquias. Contudo, o caminho para o sucesso não foi simples. 

Rafael Correa tem 36 anos e é natural de Bom Jesus (conhecida como Bonja), periferia de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Oriundo de uma família humilde, se formou economista pela PUC graças à sua dedicação, que resultou em uma bolsa do ProUni (Programa Universidade para Todos). “Havia alunos de classe média alta, com sobrenomes chamativos. Entrei naquele universo e comecei a me destacar, pois sempre fui uma pessoa comunicativa. Percebi que precisaria competir com aqueles alunos, que vinham de escolas particulares e de elite. E eles eram alunos incríveis, eram muito inteligentes. Então, comecei a estudar bastante”, recorda.

Rafael conta que na faculdade, além de ter se apaixonado por economia, também se encantou pelo empreendedorismo. “Eu lia não apenas os conteúdos didáticos que os professores pediam, mas também livros que não estavam nas listas. E acabei me interessando muito pelo empreendedorismo. Percebi que para ter a vida que queria, precisaria ser empreendedor”, conta. “Havia uma matéria de análise e viabilidade de projetos, me apaixonei por esse conteúdo e fui avançando nas literaturas próximas a esse universo”, relata.

Ao se formar, em 2009, Rafael abriu sua primeira empresa chamada B Unity Video, uma produtora de vídeos, que durou pouco tempo. “Faltou um pouco de malícia para conseguir chegar nas próximas fases do empreendedorismo. Eu tentei durante um ano fazer essa empresa dar certo. A gente tentava captar os artistas, mas era tudo um pouco difícil naquela época. Eu não tinha habilidade de vendas”, diz. Depois da sua primeira tentativa ter falhado, Rafael começou a procurar um emprego. “Tive a oportunidade de fazer bons estágios na faculdade, como no Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e Secretaria de Obras. Isso me deu uma boa bagagem para o mercado”, explica.

Logo veio uma experiência importante em sua carreira, na Ambev. “Fiquei um bom tempo lá. Trabalhei em uma duplicação de fábricas. Eles estavam tentando copiar uma fábrica que era gigantesca, replicando os processos. Eu fazia exatamente isso, fluxogramas, descrições dos módulos, o que fazia cada parte da operação”, afirma. “Foi muito bom, uma experiência gigantesca. Essa experiência me fez ter uma mente mais fora da caixinha”, complementa. 

Porém, a sede de ter seu negócio próprio continuou. Rafael tentou novamente ter uma empresa e abriu uma pequena agência de marketing. “Também não deu muito certo, porque eu ainda não tinha skill de vendas. Eu era uma pessoa muito técnica, sabia escrever, elaborar um projeto como ninguém, mas não tinha essa habilidade”, diz. Em 2013, Rafael se jogou em um novo projeto, nascendo ali o Volte Sempre, aplicativo de fidelização de clientes. “Como eu via muito tutorial na internet, na época tinha uma protuberância de conteúdo no YouTube, aprendi a fazer sites, aplicativos e sistemas vendo esses vídeos. E aí começou uma jornada de aproximadamente quatro anos tentando empreender em Porto Alegre”, recorda.

Esse momento foi uma das grandes provações na jornada de Rafael. “Tentei implementar aquilo, corri em todos os bairros nobres da cidade para fazer funcionar”, conta. O Volte Sempre era inovador justamente por trazer o conceito de reunir dados de empresas diversas, além de servir como aplicativo de fidelidade de clientes. Rafael tentava aplicar o conceito de Big Data em seu negócio, algo que se tornou imensamente popular no mercado nos anos seguintes. Apesar da visão no futuro apurada, Rafael enfrentou dificuldades que são velhas conhecidas no Brasil: “O empreendedor via o negócio e achava ‘top’, mas também via um menino preto do outro lado. Então, existe essa barreira na entrada do mercado de Porto Alegre. Eu demorei para entender isso”. 

Além de enfrentar os preconceitos do mercado em si, haviam as barreiras do próprio setor de tecnologia que, historicamente, é excludente com qualquer minoria. “Para um cara na minha realidade social era muito complexo, difícil. Eu não estava inserido naquele círculo de outras startups. Você percebe que tem um ecossistema de startups que são de meninos da classe média altíssima e que eles conseguem os ativos, eles conseguem os investimentos. Você percebe que todos circulam pelos mesmos grupos, sempre os mesmos sobrenomes, um já participou da empresa do outro”, indica.

Rumo ao sudeste

Depois de todos os percalços em Porto Alegre, Rafael ouviu os conselhos de amigos e familiares que diziam que novas oportunidades aguardavam em São Paulo, cidade que é polo de tecnologia do País. “Comecei a me preparar emocionalmente para uma viagem sem volta”, diz. “Foi um processo que fiquei quase um ano e meio me preparando. Minha filha Lana tinha acabado de nascer, em 2016”, diz. Apesar de toda a preparação, o economista caiu em uma arapuca de sua própria mente. “Uma semana antes do aniversário de um ano dela, antes de vir para São Paulo, tive um processo de me auto sabotar. Vendi todos os meus móveis e tinha dinheiro suficiente para passar um bom tempo aqui sem dificuldades financeiras. Mas acabei ‘bebendo’ todo aquele dinheiro, bebi uma casa inteira”, conta. 

Apesar de toda a preparação, Rafael veio para São Paulo com apenas R$ 1.717, valor que ele especifica por conta da representatividade da cifra. “O número sete sempre aparece na minha vida. Eu nasci em 1987, no dia 17 de maio. Vim para São Paulo no dia 17 de abril de 2017”, explica o empresário, que segue ensinamentos que misturam empreendedorismo e espiritualidade. Ao chegar, foi trabalhar em um call center e posteriormente em uma agência de marketing chamada Link, onde se destacou pelas habilidades em vendas adquiridas pelas experiências anteriores. “Virei o top no ranking de venda deles. Até que estava de fato pronto para empreender de novo”, relata.

Ao sair da agência Link, Rafael convidou colegas para comporem a equipe, que aceitaram a nova aventura. A empresa recém-nascida, que se chamava SmartMedia, tomou forma. “Os meninos compraram minha ideia e saímos juntos da agência, eu, Lucas, Gabriel e Rodolfo. Cada um deu R$250 para começar. Depois de 30 dias, já tínhamos nosso primeiro salário”, detalha. “A operação cresceu muito rápido, saímos de quatro pessoas, para oito, 12, 16 e depois 30”, diz. “Dobramos a operação três vezes, sempre setorizando”, explica.

Contudo, a pandemia de Covid-19 desestabilizou todo o mercado mundial, e a empresa de Rafael não ficaria de fora. “Era algo inédito. Isso resultou na dissolução da sociedade. Saíram os sócios e depois entraram outros, e mudaram muitas coisas. A gente demitiu funcionários, foi horrível”, detalha. “Mas a SmartMedia deu toda a estrutura para depois fazermos o Anúncio do Bairro”, conta. “Quisemos fazer uma coisa nova, sem cometer os erros do passado, sem ser negligente com o capital. Apostei todas as minhas fichas nisso”, diz.  

A agência de marketing digital Anúncio do Bairro surgiu em 2022 e oferece serviços como gestão de tráfego pago, SEO orgânico, remarketing, desenvolvimento web, funil de vendas e treinamentos. “Começamos sem dinheiro nenhum, mas tínhamos o talento. Em três meses tínhamos uma operação de 45 clientes nos bairros”, conta. A outra empresa de Rafael de desenvolvimento de sites e aplicativos chamada Volte Sempre também continuou na ativa, e atua em sinergia com a Anúncio do Bairro. “Mesmo com a SmartMedia quebrada, vendi 31 aplicativos. Dentre esses 31, 25 eram de mobilidade urbana, sistemas meus que nas cidades chegaram a concorrer com Uber, 99 Taxi etc”, explica. 

Atualmente, a Volte Sempre conta com 17 programadores que trabalham com a metodologia Scrum. “Conseguimos entregar os projetos em tempo hábil de 30, 60 dias. No máximo 90 dias o cliente está com o projeto que quiser, qualquer software que tenha um benchmarking, pronto. A Anúncio do Bairro possui seis colaboradores, além de contar com IA (Inteligência Artificial) para o serviço de copywriting e desenvolvimento web. A empresa também conta com sistema de franquias, que oferece a possibilidade de novas unidades em qualquer lugar do Brasil. “Nossa franquia tem mais de 200 pessoas na fila de espera. Nosso objetivo é concorrer com as grandes, com a V4 Company, Vendastech, Midhaus, etc. Para o cara que quer empreender, o Anúncio do Bairro é uma grande oportunidade de negócio, com custo operacional baixo e resultados relevantes”, diz.

Em entrevista para o IstoÉ Sua História, Rafael Correa dá mais detalhes sobre sua trajetória profissional, além de falar sobre o funcionamento de suas empresas e planos para o futuro. Confira:

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