Com uma vida profissional marcada por mudanças e desafios, o empresário e economista Luciano Reis é um exemplo de como podemos fazer de tudo um pouco e, assim, achar seu caminho. O empresário foi cobrador de ônibus, carregador de blocos, e já teve três empregos ao mesmo tempo. Atualmente, comanda a Casa Pompeia, empresa consolidada no ramo de eventos da capital de São Paulo e que caminha para a expansão do negócio. Sua jornada não apenas demonstra a importância da resiliência e adaptação, mas também ressalta a capacidade de transformar experiências diversas em oportunidades de crescimento.

Natural de Osasco, na Grande São Paulo, o empresário de 51 anos passou boa parte de sua vida em Itapevi, também na região metropolitana da capital. Luciano começou sua vida profissional ainda bem jovem, com aproximadamente 12 anos. “Sempre tive uma vontade louca de trabalhar. Meu pai nunca me pediu para ajudar em casa. A vida era simples, humilde, mas, graças a Deus, nunca nos faltou nada. Muito pelo contrário, sempre tivemos algum conforto”, relembra. Com a ajuda de sua mãe, Luciano começou então a trabalhar em uma oficina mecânica de um amigo da família. 

Depois de se acidentar em uma picape, Luciano saiu do emprego e foi atuar em um supermercado, como empacotador. Mais para frente, trabalhou em vários locais, como em um escritório de advocacia, em uma casa lotérica, até entrar no extinto Banco Bamerindus, sua primeira ocupação de carteira assinada. “Ali começou minha história profissional pra valer, fiquei lá por três anos, e entendi que trabalho não tinha nada a ver com sofrimento, com peso, muito pelo contrário, tinha a ver com alegria mesmo, com prazer e com satisfação. Me diverti muito no Banco Bamerindus, virei amigo de todos”, conta. Apesar dos bons momentos que viveu, em menos de três anos a chefia mudou, o que o fez querer buscar algo novo. “O clima havia mudado, eu era muito jovem e pedi para sair”, recorda.

A mudança repentina de cenário o fez passar por grandes desafios. “Quando sai, minha filha Larissa estava com dois meses de idade. Isso me colocou em um sufoco, tive que trabalhar com o que tinha disponível e fui carregar blocos para construção”, conta. Novamente, Luciano passou por diversas ocupações para sustentar sua família. “Minha mãe conseguiu um bico para mim em um depósito de materiais de construção. Depois, fui para a secretaria do Clube de Campo, em Itapevi. Tudo isso enquanto fazia colegial no curso técnico de contabilidade, à noite”, comenta.

Logo, um novo emprego em uma companhia de transporte urbano de passageiros da região chamada Benfica veio para lhe devolver a segurança que lhe faltava. “Me dava a tranquilidade que o emprego formal traz. Tive uma nova chance como cobrador de ônibus, e agarrei com unhas e dentes. Aí foi o começo de uma grande história de amor”, conta. Luciano permaneceu no Grupo Benfica por 20 anos, e lá pode crescer como profissional. “Comecei como cobrador de ônibus, mas eu não me sentia como um, nunca me senti. Eu trabalhava no ônibus, mas estava certo que ainda seria gerente financeiro daquela empresa. Imagina, éramos 800 cobradores, como eu iria me destacar?”, indaga. 

Apesar de todo o esforço, o trabalho em um veículo em movimento era um grande desafio. “Eu passava muito mal, tinha que preencher relatórios com o ônibus andando, e ficava enjoado. Às vezes o ônibus estava cheio, e eu na janela passando mal, era um vexame”, diz, rindo. Por conta disso, Luciano imagina que esse foi o motivo pelo qual foi transferido para a área de tráfego, na qual fazia o controle de horas trabalhadas das equipes operacionais. Depois, foi cobrir as férias de um funcionário que cuidava de uma parte de controle ainda maior, como quilometragem rodada dos ônibus, passageiros pagantes, quem usou cartão de transporte, entre outros apontamentos.  

Até que um dia Luciano presenciou uma conversa entre o contador e a diretora da empresa que soou como uma grande oportunidade. “Ouvi ele pedindo pra ela a possibilidade de abrir uma nova vaga na contabilidade, porque a empresa estava crescendo e precisava de mais gente. Ela concordou de imediato. Como eu estava concluindo o curso técnico de contabilidade, pensei que era a minha chance”, conta. “Enchi o peito de coragem e quando ele foi tomar um cafezinho, fui conversar com ele. Disse que queria uma oportunidade”, argumenta. Depois de passar no teste para a posição, Luciano chegou mais perto ainda de seu sonho, e começou a atuar no departamento contábil da empresa de transporte.

Com esforço e dedicação, Luciano foi crescendo na empresa. Primeiro foi auxiliar de contabilidade, depois assistente, depois foi para a tesouraria, auxiliar financeiro, assistente financeiro, analista financeiro para enfim, seis anos depois, se tornar gerente financeiro. “Foi muito gratificante essa história. Quando eu estava dentro do ônibus, na janelinha, eu sabia que era temporário, que era provisório”, comenta. A empresa pagou por seus estudos, e Luciano se formou em economia pela Fundação Instituto Tecnológico de Osasco (FITO). O empresário também fez curso de especialização em gerência financeira pela Universidade de São Paulo (FEA/USP).

Ao completar 13 anos de empresa, Luciano sentiu novamente um chamado para a renovação. “Resolvi sair e buscar novas oportunidades. Fui fazer um curso de comércio exterior e acabei voltando para a empresa a convite dos diretores. Mas, dessa vez, fui para a área comercial, em outra empresa do grupo, em São Caetano do Sul”, relata. Um novo projeto de transporte de trabalhadores rurais com a empresa Votorantim o fez pegar gosto pela área comercial e permanecer por mais sete anos, totalizando 20 anos de dedicação à empresa Benfica.

Mudança de rota

Depois de tanto tempo de casa, Luciano foi convidado por um dos donos da Benfica, Zero Freitas, a atuar em outro negócio, focado em iluminação para eventos e espetáculos chamado Armazém da Luz. “Acabei descobrindo essa coisa do show, do entretenimento. Eu estava com 40 anos na época. Por lá fiquei mais cinco anos”, aponta. Apesar de não conhecer aquela indústria, Luciano se jogou de cabeça no segmento. “Me lembro que já estava fazendo minha pós-graduação na FGV, fiz MBA de marketing. E meu trabalho de conclusão de curso, o TCC, foi o planejamento estratégico de marketing para o Armazém da Luz. Consegui mostrar quais eram nossos concorrentes, nossos clientes, como era o mercado. Então, sabia quanto faturávamos e quanto iríamos faturar dali cinco anos. Comecei com essa coisa de envolver as pessoas com os números, com os resultados, política de meritocracia, se batessemos as metas, todos ganhavam, enfim. Comecei a ver que tinha algum talento para isso”, recorda.

As coisas começaram a tomar um rumo diferente quando o Armazém da Luz enfrentou problemas financeiros. “O Sócio investidor, devido a problemas nas empresas de Ônibus, paralisou os investimentos. Paramos de comprar refletores, concorrentes e pararam de me pagar. Todos os investimentos foram estancados. Em agosto de 2016 recebi meu último salário. Quando foi em dezembro, perguntei quando receberia os atrasados e o Zero disse que isso não aconteceria, pois não havia liquidez. Ainda assim disse que queria me manter por perto, então me falou: ‘Não tenho liquidez pra te pagar, sei que devo, mas tenho alguns prédios de São Paulo e um deles está semiacabado, fica ali na Avenida Pompeia’”, conta.

Luciano relembra que, sem opção, resolveu ficar com o imóvel. “Era um prédio bonito, bacana, mas estava descuidado”, conta. “Desistir não era uma alternativa”, acrescenta. O empresário então resolveu abrir um espaço para eventos e assim nasceu a Casa Pompeia, no bairro da Pompeia, em São Paulo. Luciano contou com a ajuda de Alê Cuevas, o dono de uma das empresas compradas pelo Armazém da Luz, que entrou como sócio investidor. “A logomarca, as cores, os formulários, tudo, nasceu do zero”, conta Luciano. “A região não era tradicionalmente de eventos corporativos, como nos Jardins, Vila Olímpia etc.”, recorda.

Em menos de dois anos, em 2019, a Casa Pompeia se tornou um grande sucesso e um post nas redes sociais refletiu o quão bem sucedido o empreendimento havia se tornado. “A Caloi fez um evento na Casa Pompeia, e a diretora de marketing na época fez, espontaneamente, um post no LinkedIn sobre os três melhores espaços para eventos de São Paulo. E estávamos em segundo lugar”, comemorou. “Depois de algumas semanas, fui no Google e coloquei os melhores espaços para eventos de São Paulo. E para minha grande surpresa, a Casa Pompeia aparecia em quase todas as pesquisas”, diz.

Luciano explica que um dos segredos do sucesso de seu negócio é o foco no bom atendimento. “Esse setor é muito de indicação, as pessoas indicam umas para as outras”, explica. “Começamos muito pequenininhos e no segundo semestre de 2019 realmente aconteceu um milagre. Em dezembro, tivemos eventos todos os dias. Percebi que havia se tornado um negócio de fato”, relata. Contudo, assim como todas as empresas do mundo, a Casa Pompeia sofreu o grande impacto do Covid-19. “Tivemos que cancelar 40 contratos. Foi muito traumático, porque pensei que poderia passar de tudo nessa vida, menos ser proibido de trabalhar. Quando aconteceu, achamos que iria durar três meses, quarenta dias, chegamos até a criar uma campanha solidária #EventoSOS, na qual ajudamos famílias com cestas básicas. Mas acabou durando dois anos, então foi realmente muito pesado”, relembra. 

Mas, após o conturbado período, a Casa Pompeia pode reabrir as portas e voltar a fazer eventos em 2022. “Existia uma demanda reprimida. Então, as empresas tinham verba para fazer muitos eventos, lançar produtos, etc. Então voltamos com tudo. Hoje somos reconhecidos como o espaço para eventos mais acolhedor de São Paulo”, comemora Luciano. Com o sucesso do empreendimento, o empresário adianta que se prepara para expandir o negócio através de filiais, associação e/ou aquisição de concorrentes estratégicos e até mesmo a franquia da marca”, conclui.

Em conversa com o IstoÉ Sua História, Luciano fala mais sobre sua trajetória, dá detalhes sobre o funcionamento da casa e fala sobre o futuro. Confira:

.

Conteúdo produzido exclusivamente para a seção Sua História, como branded content. Todas as informações foram fornecidas pelo entrevistado e não refletem a opinião de IstoÉ Publicações.