Empreender sempre esteve no DNA de Hélio Brito Jr., fundador e CEO do Hub DMC – holding que trabalha no ramo de live marketing e impacto socioambiental. Hoje com cerca de 60 colaboradores, além da agência, que já realizou mais de 7 mil eventos e viagens de incentivo, Hélio também fundou a DMC Music Branding, entregando música de qualidade para mais de 70 marcas, e a ESG Pulse, sua nova empreitada.

Essa trajetória começou a tomar forma na década de 1980, com a referência de uma mãe campeã de vendas de produtos Natura e de viagens internacionais; e de um pai, engenheiro, que empreendia nas horas vagas. Em 1989, Hélio embarcou em um intercâmbio de um ano no exterior. Firmou-se ali sua paixão por viagens, diferentes culturas, música, tecnologia e pela inovação. “Aos 18 anos comecei minha carreira atuando como guia à frente de grupos para Disney, Nova York, Europa, Japão e África. Foi quando eu conheci as viagens de incentivo”, conta.

Organizadas por empresas que viam nelas uma forma de premiar colaboradores que registraram um desempenho acima da média, as viagens de incentivo possibilitaram a Brito Jr. acesso a um nicho de mercado bastante interessante, no qual ele ainda atua. “Aí eu entrei no mundo do desenvolvimento de experiências internacionais incríveis, que causam impacto na vida das pessoas e ajudam elas a mudar de patamar cultural”.

Ele ressalta a diversidade de culturas que teve a oportunidade de conhecer exercendo essa atividade, e as vivências que acumulou. “Além disso, comecei a entender melhor a importância do planejamento na construção dessas experiências e me passei a me interessar em como a tecnologia poderia automatizar processos – isso ainda era época do fax!”, acrescenta.

Uma nova abordagem

Ao mesmo tempo em que organizava viagens incríveis de orçamentos milionários, Brito Jr. via com nitidez a situação que encontrava quando voltava a São Paulo. Na década de 1990, a desigualdade social do país se manifestava nas grandes cidades pelas favelas com barracos de papelão ou madeirite. Nesse período, em que cursava Administração de Empresas, estudava as formas de criar e gerir negócios lucrativos. “Era como o capitalismo era pensado naquela época – um negócio totalmente voltado para os donos, para os acionistas. Isso mexia comigo. Minha geração foi criada solta na rua, fui assaltado cinco vezes; por essa razão, eu percebia a desigualdade social, era necessário fazer as coisas de maneira diferente.”

Em 1998 Brito Jr. criou o movimento Novo Século, Nova Atitude.
“A minha abordagem era de que apenas o lucro poderia tirar uma pessoa da situação de miséria. E, como na época eu fazia muitas viagens de incentivo para a General Motors, levei a eles a ideia de uma iniciativa que gerasse lucro para as pessoas”, afirma.

Criando oportunidades

Logo o Instituto GM conectou Hélio e sua abordagem inovadora a outras entidades na favela de Heliópolis, em São Paulo. Passada a desconfiança inicial da comunidade, a iniciativa foi um sucesso, ao possibilitar aos jovens de lá a possibilidade de trabalhar no plantio de árvores e na implantação de jardins e praças públicas – dando vida ao projeto Formação Viverista. Atuando em uma área da Sabesp e em diversas obras públicas da prefeitura paulistana, Brito Jr. contratou para essa empreitada educadores populares, agrônomos, biólogos, psicólogos e até uma coordenadora pedagógica. “Era necessário ‘virar a chave’ dos adolescentes, mostrar a possibilidade de ganharem dinheiro trabalhando. Nosso trabalho ia além de ensinar uma profissão: era mostrar que existiam oportunidades de empreender.”

O caráter da iniciativa durante os seus cinco anos de atuação era a de ser uma empresa, e não uma organização não governamental (ONG). Todo os recursos eram direcionados aos adolescentes de Heliópolis. “Eles recebiam algo em torno de R$ 700 a cada dez dias de trabalho, o que fazia uma grande diferença na vida deles. Na época não se falava de capitalismo consciente ou negócios sociais; existiam apenas projetos educacionais e assistencialistas. O desafio escalou quando fomos contratados para implantar uma área de 7 mil m2 de jardins na região do Ibirapuera, perto do antigo prédio do Detran-SP. A concessionária responsável teve um problema trabalhista e ficou sem caixa – e sem condição de pagar os meninos do projeto”, lembra.

Esse foi um momento bastante duro para Brito Jr. – que, passou a receber ameaças dos pais garotos que não foram pagos, e estava completamente sem dinheiro na época. “Eu não tinha mais trabalhos freelance com viagens internacionais e eventos como antes, porque eu tinha que acompanhar os meninos nas obras. E, como em uma tempestade perfeita, na época em que meu filho ainda era bem pequeno minha esposa diagnosticou um câncer.” A saída foi recorrer ao pai – que, por meio de um empréstimo, pagou os participantes do projeto e quitou suas dívidas pessoais. O Formação Viverista terminou ali. “Esse sonho ficou meio que pelo caminho. Mas aprendi a necessidade de cuidar da sustentabilidade financeira de qualquer iniciativa – o meu erro foi não me remunerar, e isso aniquilou minhas finanças na pessoa física e o projeto”, afirma.

Experiências marcantes

Para pagar as despesas da família e o empréstimo feito por seu pai, Brito Jr. buscou retornar aos eventos e às viagens internacionais, mas sem sucesso. “Ninguém queria mais me contratar nas agências em que eu trabalhava como freelancer, as portas estavam fechadas. Então, decidi montar a minha própria agência, a DMC. Lá, a responsabilidade pessoal, a vontade de crescer e o brilho nos olhos são parte do nosso propósito. Apoiamos os profissionais em seu desenvolvimento, em uma mecânica na qual cada entrega é de todo time. Isso impacta a vida de todos nós”, afirma, acrescentando que a DMC é signatária do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) e certificada em suas melhores práticas ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês).

“A DMC é voltada à criação de viagens e eventos regenerativos. Não se trata mais do turismo mainstream, mas de experiências em lugares inusitados, viagens educacionais e de propósito.” A agência acumula prêmios nacionais e internacionais diversos e é considerada umas das dez melhores agências do mercado.

Outra frente de atuação voltada à pauta ESG, resultado de um investimento de mais de R$1 milhão, é a ESG Pulse. “É uma plataforma voltada à pauta de descarbonização da indústria de eventos e turismo. A ESG Pulse mede e educa a cadeia de suprimentos de eventos corporativos, reduzindo o impacto, inclusive por meio de uma calculadora de emissões de carbono em eventos. Também oferecemos soluções para o descarte de resíduos, e uma classificação de fornecedores – que aprendem melhores práticas dentro de nossa plataforma.”

Este direcionamento permite à DMC atacar o problema das emissões de forma direta, contribuindo para a redução da emissão de gases do efeito estufa. “Um evento de três dias para mil pessoas emite 300 toneladas de CO2. É como se você rodasse com um carro por 2 milhões de quilômetros, ou deixasse um fogão de quatro bocas ligado por 7 mil horas. São números assustadores – ainda mais se levarmos em conta que são realizados no Brasil cerca de 590 mil eventos a cada ano. E ninguém está olhando para a necessidade de descarbonização no setor”. A ESG Pulse já tem mais de 50 clientes da indústria, e cerca de 350 fornecedores.

Em entrevista ao IstoÉSua História, Brito Jr. detalha sua trajetória cheia de propósito. Confira o papo na íntegra:

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