A história de Nancy Gasparini e Luis Gasparini é um exemplo de que não é preciso abandonar sua vocação para investir no empreendedorismo e que, dessa forma, o impacto de seu trabalho pode ser ainda maior. Eles são sócios e fundadores da Mega Imagem, empresa de diagnósticos por imagem localizada em Santos, São Paulo. Com 27 anos de história, a empresa tem 350 colaboradores e três unidades de atendimento. Foi a primeira clínica do Brasil a conquistar o certificado PADI (Programa de Acreditação em Diagnóstico por Imagem), além de ser a primeira clínica de Santos em diagnóstico por imagem a obter certificação de qualidade e segurança ONA Nível 3. Mas, o caminho para o reconhecimento não foi simples e nem curto.

O casal de médicos Luis e Nancy se conheceram no curso de medicina da USP, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, um pouco antes de se formarem. Apesar do desejo de serem médicos, também surgiu uma centelha de empreendedorismo no começo da carreira. “No final da minha especialização em diagnóstico por imagem, tive o privilégio de receber em nossa faculdade um profissional para falar sobre o mercado de trabalho. Achei muito interessante quando ele disse que, como médicos, tínhamos três opções: trabalhar como um médico empregado; trabalhar se associando a uma empresa, ou poder montar sua própria empresa. Quando ele falou essa última opção, passou um filme na nossa cabeça. ‘Caramba, vou poder fazer a minha própria empresa do jeitinho que eu sempre quis’”, detalha Luis. “Mas, aquilo foi um sonho, porque na medicina a gente não tem noção de administração”, complementa.

Em 1996, o convite para abrir uma empresa dentro de um hospital em Santos, em um espaço reservado para exames, caiu como uma luva. Para atender a população, contudo, foi necessário investimento em equipamentos de imagem. “Atendíamos grávidas e não havia um equipamento específico para um tipo de exame que conferia se o sangue estava sendo o suficiente para o bebê. E nós trabalhávamos em uma maternidade! Olhávamos aquilo e pensávamos que não havia como trabalhar sem essa ferramenta”, explica Luis. “Nosso sogro ficou frustrado, porque ele havia nos ajudado com um valor para dar entrada em um apartamento, mas usamos o dinheiro para comprar equipamento (risos). Sempre acreditamos no nosso trabalho”, diz Nancy. 

O casal passou por períodos desafiadores para poder atingir seu objetivo e tiveram que sacrificar seu estilo de vida para poupar e investir na empresa. “Moramos em um quarto de uma amiga que era enfermeira. Não tinha luxo nenhum. Quando minha mãe veio me visitar, ela chorou, disse que não era aquilo que planejava para mim depois de tanto estudo, já que são nove anos de faculdade”, conta Nancy. “Mas, estávamos felizes, é engraçado porque a felicidade é interna. Estávamos tão felizes em atender pacientes com um equipamento bom, que não nos importávamos de ter uma casa chique, um carro bonito, viajar. Estávamos buscando o nosso objetivo, que era colocar em prática tudo que aprendemos na faculdade”, conta a médica.

Luis e Nancy enfrentaram a rotina desgastante da profissão. “Eu dormia na mesa de paciente, o Luis dormia no chão, já que, muitas vezes, os atendimentos terminavam às cinco da manhã, e às 6h já começava tudo de novo”, relembra Nancy. “Se não fôssemos jovens, talvez não tivéssemos essa resiliência”, brinca. “Na realidade, eu que sou maluco e levei ela nessa”, rebate Luis, rindo. 

Depois de cinco anos de atuação neste hospital, um aumento de aluguel os forçou a pensar em expansão para um lugar próprio e incorporar ainda mais o papel de empreendedores. “Construí muitos sonhos naquele hospital, quando chegou essa mudança, eu era extremamente resistente, apesar da situação não ser mais sustentável”, admite Luís. “E sair foi a melhor coisa que aconteceu, mas, como estávamos dentro do atendimento, não enxergávamos isso. O empreendedor precisa ver as oportunidades nos tempos ruins”, aconselha Nancy. “Foi forçadamente que a gente enxergou isso. Mas você sai da situação e enxerga melhor o macro, ao invés de estar envolvido emocionalmente. As pessoas precisam se afastar para ver os prós e contras, coisas boas e ruins, e assim tomar a decisão que vai fazer com que elas saiam vitoriosas daquela crise”, completa a médica. 

Expansão e foco no cliente

Em 2005, já como uma empresa bem estabelecida em um endereço próprio e com uma clientela fiel, o casal resolveu incluir ressonância magnética em seu portfólio de serviços, um tipo de exame que necessita de alto investimento em equipamento e infraestrutura, o que exigiu empréstimos e a confiança de que daria certo. “A gente poderia ter quebrado, isso mostra como é importante de, independente da área que você atuar, fazer um estudo detalhado, um plano de negócio, para saber se vai parar de pé”, explana Luis.

Nancy explica que, para chegar a um nível de excelência no atendimento, é preciso ouvir as necessidades dos clientes diretamente deles. “Hoje, não existe fidelidade ao produto ou ao serviço, a fidelidade é com você, com a marca. Porque o produto sempre vai mudar, hoje é ressonância, amanhã pode ser outro equipamento de imagem. A confiança adquirida ao longo dos anos vem das situações que o cliente teve dificuldade e uma mão foi estendida. É esse laço, esse vínculo, que vai fazer sua empresa ser sustentável. Antigamente, as empresas duravam 60 anos, hoje duram de 12 a 20 anos, então sem fidelização do cliente, você morre, fali”, observa Nancy.

E esse atendimento diferenciado também diz respeito ao trato dos médicos com o paciente. Luis explica que a humanização era um conceito que permeava sua mente desde os tempos de estudante. “O atendimento dos médicos é, na maioria das vezes, tecnicamente muito bom. Mas, às vezes, sentia um pouco de dureza nesse atendimento. Não tinha muito calor humano. Então, minha proposta, quando pensamos na empresa, foi poder cuidar das pessoas como se fossem uma pessoa da família ou quem você ama”, detalha o médico.

Desenvolvimento de colaboradores

O prestígio conquistado pela Mega Imagem também se deve, em grande parte, pelo relacionamento que Nancy e Luis estabeleceram com sua equipe. A empresa tem altos índices de e-NPS (Employee Net Promoter Score), índice que determina a satisfação dos membros da equipe, um baixo índice de turnover, ou seja, de rotatividade de colaboradores e tem o selo internacional GPTW (Great Place do Work). Para isso acontecer, o casal teve que se afastar um pouco da operação em si, e cuidar mais da administração e da empresa como um todo. “Ficamos cinco anos sem tirar férias. Perdi o enterro da minha avó, perdi o casamento da minha irmã. Depois, quando podíamos viajar, era apenas por um feriado prolongado. E mesmo assim, recebíamos ligações o tempo todo”, conta Nancy.

Com o amadurecimento da equipe, isso mudou, e as tarefas começaram a ser cada vez mais delegadas para uma equipe segura de sua capacidade. “Quando tiramos férias e o telefone não tocou, chegamos a ficar deprimidos e pensamos: ‘…eles não nos amam mais (risos)?’”, brinca Luís. “Mas isso foi um bom sintoma, porque eles já dominavam todos os processos de certificações de qualidade que eles nos ajudaram a implantar”, completa.

Capacitação e intraempreendedorismo

Apesar do sucesso da empresa entre os clientes e colaboradores, Nancy sentia que era necessário ajudar ainda mais no desenvolvimento de sua equipe, e ainda auxiliar outras empresas da área da saúde a terem o mesmo nível de qualidade da Mega Imagem. Foi aí que nasceu a Nagata & Gasparini, consultoria especializada em gestão de processos na saúde, com foco na gestão de pessoas, gestão da experiência do paciente, gestão financeira e administrativa, além de tecnologia e inovação. E os especialistas que atuam na consultoria são da própria equipe da Mega Imagem. “Queria dar uma oportunidade para reter os talentos da empresa”, explica Nancy. Com isso, os colaboradores têm uma renda a mais, e podem ensinar para outros profissionais processos que já funcionam na Mega Imagem. Dessa forma, boas práticas de atuação, além de tecnologias, atingem outras companhias em todo o Brasil.

A consultoria oferece serviços de gestão financeira; gestão de custos e orçamento; diagnósticos financeiros; gestão de faturamento e projetos de viabilidade econômica e marketing. Suas áreas de atuação incluem hospitais, serviços de medicina de análises clínicas, serviço de medicina diagnóstica por imagem e operadoras de planos de saúde de todos os portes. “Sempre digo que o ambiente de Santos é hostil nesse segmento, então quem sobrevive em Santos, sobrevive em qualquer lugar (risos)”, brinca Luis. 

Dessa forma, a Nagata & Gasparini oferece uma consultoria “hands on” ao enviar colaboradores experientes para auxiliar outras empresas a atingirem o máximo do seu potencial. “Eles têm treinamento para identificar os líderes, quem são as pessoas influentes, porque eles vão precisar unir esforços com essas pessoas para implantar os processos de excelência e qualidade dentro daquela empresa. Uma parte do lucro da consultoria paga esses consultores, e a outra parte é destinada a cursos e capacitação para melhorar ainda mais a atuação. “Eu e Nancy não precisamos de mais nada, estamos muito bem profissionalmente, isso é para o desenvolvimento deles, e a gente fica feliz com isso”, finaliza Luis.

Em entrevista a Istoé Sua História, Nancy e Luis contam mais sobre sua trajetória e dão detalhes da atuação de suas empresas. Confira:

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