O empresário Júlio César Versino tem uma trajetória marcada pela criatividade e desafios. Após uma série de experiências profissionais diversas, Versino estabeleceu sua marca no mercado de automóveis ao criar a Versino Motors, empresa de repasse de veículos. Utilizando as redes sociais como motor propulsor de seus negócios, ele criou um ecossistema de vendas que se baseia em indicações e que atende todo o território nacional. Porém, seu caminho empreendedor foi desafiador. 

Filho de um pedreiro e uma costureira, Julio Cesar Versino, conhecido apenas como Versino por amigos e clientes, teve uma infância sadia, apesar das limitações financeiras. “Nunca faltou nada em minha casa. Mas sempre foi muito contadinho. Para se ter uma ideia, eu tinha uma calça para ir para o colégio, não tinha mais que isso. Era uma calça verde e, para dar uma diferenciada, mudar um pouco, eu joguei Quiboa (cloro) para ficar diferente. Parecia do exército. Fui para o colégio com aquela calça e a galera disse: ‘que calça é essa, mano?’ (risos). Então foi assim quando eu morava com os meus pais. Não foi tão difícil, mas eu também não tinha nada exagerado. Era uma vida sem muito esbanjar”, conta.

Nascido na cidade de Rio do Sul, no interior de Santa Catarina, ao fazer 18 anos, Versino começou a se movimentar para a vida profissional. “O sonho do meu pai era que eu fosse torneiro mecânico, e minha mãe era costureira. E o engraçado é que fiz os dois. Fui costureiro e torneiro mecânico”, detalha. Contudo, devido à imaturidade natural da idade, o empresário não conseguiu subir de cargo nesses trabalhos. “Sempre fui um cara muito bagunceiro. Ia muito à balada, curtia muito, não namorava ninguém, mas queria fazer festa. Então, era um baita profissional, mas chegava em um ponto em que as empresas exigiam um pouco mais de mim, e eu não conseguia me doar um pouco mais. Quando fui torneiro mecânico, porque não fazia hora extra, às vezes precisava ficar um pouquinho mais, eu não ficava, então chegou em um ponto que eles tinham que demitir algumas pessoas e eu fui escolhido (risos)”, relata.

A entrada para o segmento automobilístico surgiu de forma não planejada, apesar de ser um tema que o interessava. “Sempre gostei de carro, principalmente carro antigo”, conta. Em 2009, ainda morando no Rio do Sul, ele sentiu que seu estilo de vida precisava de uma grande mudança. “Percebi que minha vida não ia para frente, eu só regredia, não parava em lugar nenhum, só queria saber de festa e precisava colocar um ponto final nisso. Liguei para o meu pai na época e falei: ‘pai, minha vida tá um caos, preciso mudar de rumo’. Ele falou: ‘vem embora pra cá para Porto Belo e vamos começar uma vida nova’, e eu fiz isso. Tinha um Uno vermelho, quadradinho, vendi tudo que tinha, só coloquei umas roupas e uma televisão no carro e me joguei para o litoral”, relembra.

Em sua cidade nova, começou a trabalhar em uma loja de móveis, onde atuava como montador. Também foi lá onde conheceu sua atual esposa, Laís, com quem tem duas filhas. “Lembro que fui em uma lanchonete na cidade que todo mundo ia, eu estava com um chapéu de cowboy, sempre fui assim meio zueira, e uma camisa do Flamengo, naquele dia ela me viu, e até comentou com a tia dela: ‘cara, que imagem horrível’ (risos). Mas ali foi a primeira vez que nos vimos, e nada aconteceu. Mais para frente nos conhecemos melhor e começamos a namorar, em 2011”, conta. Nesse mesmo ano, Versino saiu da empresa de móveis que trabalhava, seguindo a sede de empreender que havia nascido com o passar do tempo. “Queria empreender, fazer alguma coisa, estava com essa chama dentro de mim”, relata.

Com a experiência de montar móveis que havia adquirido, Versino abriu uma microempresa individual e começou a atuar como autônomo. “Comecei a montar móveis para empresas da cidade. Pagava muito pouco, foi uma luta. Estava querendo voltar novamente para a Amanda Imóveis, porque eu estava ganhando muito pouco. Já estava casado e tinha minhas duas filhas, a Ágata e a Júlia. A gente meio que sempre viveu assim apertado, na nossa vida de casado”, conta. Na época, o casal resolveu vender o carro da família para reformar a casa que viviam e a adequar para a vida de duas crianças, mas um golpe do destino mudou tudo. 

Versino anunciou o automóvel, um Palio, no Facebook e entre vários interessados, um se mostrou extremamente disposto. “Mostrei o carro para o comprador, ele ficou empolgado. Voltamos para casa e resolvemos vender para ele. Mandei as informações do banco e, no dia de finalizar a negociação, ele informou que o pagamento já havia sido feito. Eu olhei no caixa eletrônico e realmente estava lá, mas ainda não tinha sido liberado pelo banco. O comprador disse que isso era normal, que demorava para cair, etc. Enfim, foi um golpe, e o dinheiro nunca caiu”, lamenta. “Levamos um golpe, perdemos o carro. Ficamos sem carro, sem dinheiro, estávamos quebrados na época, de pegar moedinha do porquinho às vezes para comprar um pão. Foi a gota d’água. Foram noites chorando”, relata. “A gente sempre foi muito honesto com os negócios, e daí acontecer uma coisa dessas. Foi doído”, conta.

Uma nova oportunidade

Por conta do golpe que mexeu com as estruturas da família, Versino voltou a trabalhar na loja de móveis, onde foi promovido para gerente da área logística e pode contar com a estabilidade de um emprego formal. “Comecei a gostar daquilo e foi tudo muito bom”, conta. Até que um dia, o dono de um galpão de produtos de limpeza que era vizinho do seu trabalho contou uma novidade que deixou Versino intrigado. “Ele comprou uma caminhonete em uma empresa de repasse. E veio correndo me mostrar e contar o preço que pagou. Eu vi que era algo fora do normal, era muita margem para uma caminhonete. Estava acostumado a ir em uma loja de carros e ter taxas, como FIPE, etc, o que é natural de uma loja”, explica. “Me despertou a curiosidade aquele mercado. Eu nem imaginava o que era. Comecei a fuçar, e em dois meses criei um grupo de WhatsApp para repasse”, conta.

Tocando o novo empreendimento no seu tempo livre, Versino começou a se empolgar e, em quatro meses, se jogou de cabeça na nova ocupação. “Só que eu não conhecia ninguém. Não conhecia nenhuma loja de carro, ou um vendedor de carro, dono de loja, nada, e eu não entendia nada de carro. Eu não tinha um padrinho, então era uma coisa doida que existia na minha cabeça, algo quase impossível. E mesmo assim eu fiquei empolgado”, afirma. Mesmo sem ser conhecido e nem ter estabelecido sua clientela, Versino resolveu arriscar e saiu do seu emprego formal. Depois de cinco meses, não havia vendido nada e estava pensando em desistir quando conseguiu seu primeiro negócio. “No quinto mês, vendi dois carros. E o mais louco disso é que vendi para o Paraná, para um cara que nunca me viu na vida. Foi na confiança”, relembra.

Depois disso, o negócio disparou. “Fluiu de um jeito que nem eu acreditava. Aí foi bem na época da pandemia, em 2020. Foi o ano que eu mais vendi carro. Ali eu comecei a ver dinheiro na minha vida. Eu nunca tinha visto dinheiro (risos). Eu só trabalhava, pagava conta, boleto e só faltava. E graças a Deus ali eu comecei a enxergar dinheiro na minha vida”, recorda.

 Após um ano, Versino abriu o primeiro espaço físico da Versino Motors, mas quase todo o atendimento é feito online e as vendas são para todo o Brasil. Sua clientela também é majoritariamente composta por indicações, principalmente porque os clientes buscam credibilidade e confiança na compra de itens tão valiosos. “É um mercado muito sujo, infelizmente. Eu estou remando contra a maré todo dia, por causa dessa galera que é muito suja nesse mercado. Eu posso ganhar menos, mas optei por trabalhar da forma mais honesta possível”, esclarece Versino.

Atualmente, seu foco é expandir ainda mais seu negócio, de forma que possa funcionar sem depender tanto de sua atuação no dia-a-dia. “Acho que todo empresário sonha com isso. Que a empresa caminhe sozinha. E aí partir para outros empreendimentos que tenho, que ainda são segredo”, brinca. Após anos de atuação, a Versino Motors, que é uma empresa certificada pela CBRAV (Central Brasileira de Repassadores Automotivos Verificados), já vendeu de forma online mais de 2500 veículos, com mais de 80 milhões de reais em vendas.

Em entrevista para o IstoÉ Sua História, Versino dá mais detalhes sobre o setor e sobre o funcionamento do seu negócio. Confira:

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