Seja uma adaptação de um salgado francês ou uma opção de alimento surgida durante a industrialização paulista na década de 1920, o fato é que a coxinha se tornou uma autêntica preferência nacional. A ideia de fritar em óleo um produto feito a partir de um frango desfiado envolto em massa de batata ganhou popularidade – e abriu ao empreendedor Gabriel Lopes a possibilidade de criar um empreendimento que tem hoje forte presença no interior de São Paulo, com planos de expansão para outros estados. 

Tudo teve início quando Gabriel e sua esposa, Glycia, foram em 2017 aos Estados Unidos. Por seis meses, trabalharam duro naquele país, com a intenção de encontrar um caminho para empreender. “A gente queria buscar alguma coisa nova, passar pela experiência de viver lá seis meses, trabalhando”, conta. O estalo veio quando voltaram ao Brasil, sem dinheiro, e Gabriel comprou a lanchonete de seu pai, a Churros Italianos, então à beira da falência. 

“Chegando lá, percebemos que as coxinhas correspondiam a 60% das vendas. Só que a comunicação toda era voltada aos churros. Aí pensei: esta é uma oportunidade de pegar um produto, a coxinha, melhorar sua qualidade e torná-lo o carro-chefe. Afinal, a coxinha é a paixão do brasileiro – quando fomos aos Estados Unidos, sentíamos falta”, relembra. Assim, durante 30 dias Gabriel e Glycia ficaram pensando sobre a reformulação do conceito da lanchonete – e acabaram criando o nome Sua Coxinha. “Tivemos um insight, aí eu fui procurar se havia registro do nome. Como não havia, decidimos usar esse nome.”

Mãos na massa

O foco das atividades da loja para a venda de coxinhas representou uma mudança radical no movimento: se antes o faturamento era em torno de R$ 30 mil mensais, agora já era de até R$ 90 mil. Gabriel conta que, ao definir um produto principal e dedicar sua atenção a ele, se inspirou no empresário Flávio Augusto, fundador da rede Wise Up e autor da trilogia de livros Geração de Valor. “Então decidimos seguir essa teoria – e deu certo. Aí começamos a pensar na embalagem.” Em pouco tempo, essa primeira loja, localizada em Jundiaí, ganhou uma filial, em Francisco Morato. 

Um desafio apareceu no meio do caminho da dupla quando houve um desentendimento com o fornecedor das coxinhas – levando Gabriel e Glycia a comprar uma máquina de salgados e iniciar a fabricação no próprio apartamento. “Da primeira vez as coxinhas saíram muito erradas, a massa grudava! Ficou horrível! Mas fomos insistindo até acertar o ponto correto da massa – e foi incrível a receita que elaboramos, o que se refletiu na preferência dos clientes”, conta. “Nosso foco é a qualidade, e depois o preço. Já entramos no mercado com uma coxinha de padrão excelente, com uma crocância diferente. Nessa época tínhamos quatro lojas, mas as vendas eram tão expressivas que em cinco dias deixamos de fabricar as coxinhas no apartamento e fomos para uma área maior – o escritório de meu pai”, complementa. Depois de um tempo esse espaço também não bastava, e passaram a fazer as coxinhas na cozinha da sogra de Gabriel, até que alugaram um ponto comercial. 

“Aí mudou a nossa história, porque começamos a crescer e contratar pessoas – o que também gerou problemas, com os quais tivemos de lidar. Eu tive de buscar aptidões que não tinha, a Glycia também. Agora estamos com 14 lojas e uma fábrica própria, com capacidade de produzir 1,2 milhão de coxinhas por mês, em média, com um custo operacional baixo.” O período nos Estados Unidos se revelou importante, ao mostrar uma forma de gestão mais dinâmica, hands-on. “Peguei muitas ideias naquele filme Fome de Poder [The Founder, filme de 2017 que conta a história da criação e ascensão da rede de fast food McDonald’s]. E tratei de tentar adaptar aquele modelo dos restaurantes norte-americanos para cá”, afirma. Com processos internos ágeis, a Sua Coxinha alia uma operação enxuta, com poucos funcionários.

E o cuidado com a qualidade mencionado por Gabriel se revelou um fator essencial para diferenciar o produto. “Nossa receita é única, e as coxinhas têm recheio de ponta a ponta – inclusive em nosso produto maior, de 250 gramas. A nossa massa de batata é diferente da que se encontra no mercado. E nosso modelo de trabalho não admite que as coxinhas sejam fritadas com óleo comum: só usamos gordura vegetal, a fim de permitir que a coxinha fique mais sequinha”, afirma.

Na Sua Coxinha, todos os salgados são produzidos com massa de batata inglesa, passam por processos especiais de empanação e são identificados por etiquetas, embalados a vácuo e armazenados a temperaturas de -25°. O foco da rede tem se voltado à instalação de unidades em mercados – e não em shopping centers, o que se revelou uma vantagem durante o período da pandemia. “As pessoas correram aos mercados, que permaneceram abertos, ao contrário dos shoppings. Acabamos vendendo muito mais naquela época.”

Modelo de franquias

Desde o princípio Gabriel e Glycia consideravam a ideia de transformar o negócio em uma franquia. “Até o dia em que surgiu uma interessada. Fizemos um contrato básico e montamos a loja dela, de acordo com o conceito da Sua Coxinha, e foi um sucesso”, afirma. A dupla adota um modelo de Procedimento Operacional Padrão (POP), documento no qual detalha aos seus franqueados todos os processos e fluxos de trabalho, a fim de garantir que a padronização e o nível e qualidade das coxinhas sejam respeitados. 

“Toda a experiência que fomos adquirindo me levaram a pensar que não fazia sentido segurar esse negócio só para mim. Como empresário, há duas escolhas: uma é tocar a sua própria operação e ter suas lojas, podendo ainda adquirir um bom capital e ganhar mais dinheiro. Só que a outra maneira, de criar uma rede de franquias, possibilita levar o empreendimento para mais longe. Sempre tivemos o sonho de impactar as pessoas – e hoje seguimos essa linha, treinando nossos franqueados e os funcionários deles. Isso é muito gratificante; hoje vejo que estamos cumprindo nosso propósito com isso”, avalia.

O processo de garantir que a qualidade das coxinhas comercializadas pelos franqueados siga as determinações da rede inclui desde uma entrevista prévia com o interessado, a fim de entender melhor seus valores. “Não queremos uma pessoa que só queira vir para ganhar dinheiro. Queremos alguém que leve a cultura da empresa a sério”, afirma. Esta preocupação inclui desde as instruções para fritar as coxinhas até a embalagem do produto. “Também fazemos auditorias, visitamos os franqueados para ver se está tudo de acordo com os procedimentos. E damos todo o suporte para eles.”

Atualmente as 14 lojas da Sua Coxinha respondem por apenas 40% da capacidade de produção da fábrica – o que abre espaço para que mais unidades sejam incorporadas à rede. “Por essa razão pretendemos abrir mais 30 franquias em 2024, e daqui a cinco anos esperamos chegar a 200 unidades. E também queremos expandir a Sua Coxinha para os Estados Unidos, inicialmente em Orlando. Afinal, foi lá que começou este sonho”, revela, acrescentando que a dupla também já analisou outros mercados, como Canadá e Rússia. “Mas vimos que o produto não se encaixava muito bem com o ambiente desses locais. Por isso, vamos para a Flórida para atender, inicialmente, à comunidade brasileira de lá!” 

Em entrevista ao IstoÉ – Sua História, Gabriel Lopes conta um pouco de sua trajetória com a rede Sua Coxinha. Confira o papo na íntegra:

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