O inventor Alexandre Vergueiro traz consigo uma trajetória singular dedicada à exploração do desconhecido. Desde seus primeiros anos, sua curiosidade o conduziu por uma jornada de aprendizado e inovação, e que gerou uma ideia desenvolvida de forma independente: uma solução para gerar energia elétrica que poderia substituir geradores comuns que utilizam combustíveis fósseis ou até mesmo a energia elétrica da rede de distribuição. 

Carioca, nascido na Gávea e criado em Jacarepaguá, Alexandre, que tem 58 anos, começou cedo sua vida profissional. Aos 12 anos, começou a trabalhar em uma oficina mecânica. Depois, os veículos ficaram mais complexos. “Tive acesso à mecânica de avião e de helicóptero, avião de pequeno porte, daquele que puxa bandeirinha. Depois fiz estágio na área de helicóptero, mas me afastei disso tudo e fui trabalhar outras as coisas, e tentando sempre novos horizontes”, conta.

Esse período formativo não apenas definiu suas habilidades, mas também plantou as sementes da busca incessante por respostas. Anos depois, Alexandre encontrou uma nova oportunidade no mercado que despertou nele ideias para a geração de energia. “Alguns anos atrás, no boom do petróleo e gás, eu trabalhava numa empresa de petróleo. Trabalhei nessa empresa fazendo verificação de poços secos de gás e de petróleo. Depois disso, tive umas ideias de como desenvolver alguma coisa diferente, que todo mundo achava que era meio maluquice”, explica.

Alexandre desenvolveu um sistema capaz de gerar eletricidade, utilizando uma força motriz específica. Essa visão audaciosa o levou a investir tempo, recursos e, mais significativamente, sua paixão para transformar a ideia em realidade. “Fiz um sistema que promove uma força que é capaz de girar e gerar a energia elétrica. Ou seja, você vê uma fazenda que tem uma roda d’água, por exemplo. Ali, você tem a força motriz que seria através da água ou do vento. Foi isso que eu fiz, criei um sistema que faz com que o gerador gere a energia necessária de forma constante e contínua”, explica. Por questões de segurança da sua propriedade intelectual, Alexandre não explica o funcionamento do sistema de forma detalhada.

Contudo, o que ele pode revelar é que uma das forças motrizes do sistema é ar comprimido. E essa ideia já tinha sido comentada por uma pessoa muito notória. “Um dia eu estava assistindo uma entrevista de uma senhora que falava assim: ‘Se o Brasil pudesse estocar vento’. Foi uma gargalhada geral. Eu acho que eu fui o único cara que não riu. Sabe por quê? A gente estoca vento há muito tempo. Foi porque ela falou aquilo, ou porque a ideia pareceu absurda. Mas isso já é possível. Eu fiz de brincadeira com meus filhos”, diz Alexandre se refere a uma entrevista dada pela ex-presidente Dilma Rousseff em 2015 em que ela comentava sobre o uso de ar estocado para gerar energia. “Existe uma coisinha chamada compressor. O compressor de ar que você vê numa oficina de pintura, por exemplo. Ele comprime o ar ali dentro. O ar ali dentro está parado. Abriu a válvula, o ar entra em movimento. E o movimento é o que? Vento, energia. Riram dela. Talvez um louco entenda o outro”, brinca. 

Segundo ele, esse sistema, que foi criado há 15 anos, representa não apenas uma solução inovadora, mas um passo significativo em direção à sustentabilidade energética. “O meu grande sonho é conseguir fazer isso chegar ao menos favorecido”, explica. “Se eu te contar o que ouço aí de pessoas perderam até a vida porque não tem energia elétrica. A pessoa vai fazer um gato e acontece um acidente”, diz. “Precisamos colocar essa energia à disposição para que tudo não dependa da distribuidora e afete a ponta, o menos favorecido. […] A gente está falando de subsistência. É uma carne que o cara compra. É um remédio que precisa ficar acondicionado na geladeira”, diz.

Ele enfatiza a necessidade de descentralizar a geração de energia, oferecendo soluções inovadoras para empresas e estabelecimentos, que poderiam se beneficiar diretamente de seu sistema. Essa energia poderia então ser ofertada para pontos de abastecimento de carros elétricos, para locais que a distribuição tradicional não alcança; ou para comércio e indústria. 

Alexandre não esconde os obstáculos enfrentados em sua jornada. Desde a resistência de partes interessadas até a necessidade de proteger sua inovação. “Fiz o protótipo e tentei registrar isso de alguma forma”, explica. “Quando você cria algo, tem que enquadrar dentro de uma concepção que já existe. Uma regra pré-definida. Um sistema pré determinado. E não tem nada como esse sistema”, diz. “Não consegui registrar pelo custo. É altíssimo. Os advogados que eu procurei me cobraram uma fortuna”, relata.

O sistema foi levado para outro país por Alexandre, para que pudesse ser avaliado por outros especialistas. “Apresentei para um grupo de engenheiros da Inglaterra. Eles viram a coisa funcionar. E eu disse que preciso por isso no papel, registrar. Um deles me falou que é algo muito difícil”, explana. Alexandre considera utilizar a tecnologia de criptografia para guardar o segredo de seu projeto. 

Desafio energético

Em meio a uma discussão sobre a situação energética no Brasil, Alexandre destaca que a falta de políticas públicas no segmento são preocupantes, e que o país precisa contar com outras tecnologias de energia limpa, pensando no futuro do meio ambiente e do ser humano. “É difícil porque a forma que está sendo conduzido leva ao pessimismo”, diz. “Falta uma política voltada para isso. Juntar o pessoal da energia eólica, energia solar, para conversar. Um tempo atrás um governante estimulou muito as chamadas PCHs, que são as Pequenas Centrais Elétricas. Algumas fazendas se utilizam da força dos rios e córregos para gerar energia e jogam na rede. Não podemos desperdiçar nada, absolutamente nada, porque a tendência é que a demanda de energia vá aumentar e aumentar”, ressalta. 

Alexandre afirma que o consumismo e a visão de mundo das pessoas atualmente atrapalham o vislumbre do progresso real. “A gente está vivendo um mundo onde o Iphone vale mais do que quem você vai falar”, exclama. “Acho que temos que nos preocupar com isso. O futuro do mundo é alimento e energia elétrica. Temos muitos projetos para alimentos, pessoas que fazem uma horta em cano PVC dentro do apartamento”, explica. “Mas e a energia elétrica?”, questiona. 

O inventor reforça que é necessário unir forças e ideias para que o desafio energético da atualidade seja enfrentado. “Eu ensino para meus filhos o seguinte: Na vida quem ouve mais erra menos”, aconselha. “Se eu tivesse a oportunidade de fazer um trabalho legal no Brasil, tem tanta gente bacana no mercado, até mesmo no cenário político, que eu admiro. Poderíamos fazer a diferença”, diz. A trajetória de Alexandre nos desafia a repensar nosso relacionamento com a energia, a adotar uma abordagem mais sustentável, além de unir esforços para enfrentar os desafios energéticos do presente e do futuro.

Em conversa com o Istoé Sua História, Alexandre Vergueiro detalha sua invenção, além dos desafios enfrentados ao criar seu projeto. Confira: 

Alexandre Vergueiro +55 21 97923-2419

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